Jornal Correio Braziliense

Brasil

Seis em cada dez brasileiros têm medo de assalto à mão armada e assassinato

Pesquisa de opinião divulgada nesta quinta-feira (5/7) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que é alto o medo da violência no Brasil e baixa a confiança nas polícias que combatem os crimes mais próximos do cotidiano do cidadão.

O Ipea publicou a segunda rodada de pesquisa sobre segurança pública feita pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social, criado pelo instituto. Desta vez, 3.799 pessoas foram entrevistadas em todas as regiões do país.

A cada grupo de dez brasileiros, pelo menos seis têm ;muito medo; de assalto à mão armada, assassinato e arrombamento da residência, conforme apurado pela pesquisa. Mais da metade sentem ;muito medo; de sofrer agressão. O percentual de ;nenhum medo; em todos os quesitos (assalto à mão armada, assassinato e arrombamento da residência) é em torno de 10%, com exceção do tema sofrer agressão, em que o percentual é 18,2%.

As mulheres se sentem menos seguras que os homens. Apenas 7,8% das entrevistadas disseram não sentir ;nenhum medo; de assalto à mão armada, enquanto 16,9% dos homens têm a mesma sensação. Metade dos homens entrevistados afirma ter ;muito medo; de assalto à mão armada, enquanto três quartos das mulheres têm a mesma intranquilidade.

A amostra da pesquisa permite comparações entre as regiões. Em todos os quesitos, o Nordeste (com mais de 70% das respostas indicando ;muito medo;) lidera os temores de violência.

Além da sensação de insegurança, a pesquisa ouviu a opinião dos entrevistados sobre as instituições policiais. Apenas a Polícia Federal (PF) teve índice acima de 10% na resposta ;confia muito;. As polícias civis e militares dos estados, polícias com os maiores efetivos e mais próximas do cotidiano dos cidadãos, atingiram apenas 6% das respostas ;confia muito;. Cerca de 9% disseram ;confiar muito; na Polícia Rodoviária Federal (PRF).

[SAIBAMAIS]Em cada dez entrevistados, seis concordam que a PF e a PRF realizam ;seu trabalho com competência e eficiência;. Mais da metade dos entrevistados em todo o país discordam da afirmação de que a ;Polícia Civil realiza investigações sobre crimes de forma rápida e eficiente;. A maioria também discorda que ;a Polícia Militar (PM) aborda as pessoas de forma respeitosa;.



Menos de 45% discordam que a PM ;atende as emergências de forma rápida e eficiente;. Segundo o Ipea, a percepção negativa das pessoas declaradas ;não-brancas; em relação às polícias é 5% acima daquelas declaradas ;brancas;. Mais de 63% de todos entrevistados afirmaram que ;os policias no Brasil tratam as pessoas com preconceito;.

Apesar desses indicadores, a maioria da população ainda confia na polícia. Somente cerca de um quinto (20%) disse ;não confiar; nas polícias militares e nas polícias civis, enquanto 15% avaliaram negativamente a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Dos entrevistados, 48,4% afirmaram ;ter procurado a polícia por algum motivo e passado por um atendimento policial;. Desses, 74,1% fazem ;avaliação positiva; dos atendimentos policiais.

A desigualdade social, a falta de investimento em educação e o aumento do tráfico de drogas foram apontados como as principais causas da criminalidade. O crescimento do comércio ilegal de entorpecentes foi a principal dificuldade enfrentada pelos policiais.

A maioria dos entrevistados discorda que os policiais no Brasil ;recebem boa formação e são bem preparados;. Mais de um quarto dos entrevistados afirmam que ser policial é uma péssima opção de trabalho.