Jornal Correio Braziliense

Brasil

Invisibilidade social é grande desafio para erradicar extrema pobreza

O governo federal marcou para o dia 18 de junho a data de ascensão de 2 milhões de famílias brasileiras para cima da linha de pobreza. Nessa data, as famílias consideradas miseráveis (identificadas no Cadastro Único), com crianças até seis anos, começarão a receber o chamado Benefício de Superação da Extrema Pobreza para completar a renda domiciliar de R$ 70 per capita.

Restam, no entanto, mais 2 milhões de famílias, segundo projeção inicial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita à época da definição das metas do Programa Brasil sem Miséria. Alcançar essas pessoas é desafio para os três níveis de governo, que deveriam reverter a invisibilidade social que contribui para afastar setores da população brasileira das políticas públicas (como o Programa Bolsa Família), diz o psicólogo Fernando Braga da Costa, autor do livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social.



De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a maioria das 687 mil famílias em situação de extrema pobreza e ainda não assistida por políticas públicas (localizadas no último ano pela busca ativa) está nos centros urbanos (75%), inclusive em cidades com mais de 100 mil habitantes (39%). ;Os miseráveis estão nas periferias ou mesmo nos centros velhos das grandes cidades. Esses sujeitos estão fora do sistema, mas tentando o tempo todo ingressar nele;, lembra Fernando da Costa.

Segundo ele, em contraste à dificuldade de percepção e lentidão do Estado, o mercado está atento às periferias. ;Os shoppings centers identificaram potencial de lucro;, disse, referindo-se à abertura de centros comercias em regiões habitadas por classes econômicas de menor poder aquisitivo na cidade de São Paulo.