Rio de Janeiro ; Reclamação de moradores contra a precária infraestrutura de conjunto habitacional no Complexo do Alemão, zona norte da cidade, marcou nesta sexta-feira (11/5) a inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro do Adeus. Proprietários das casas, construídas por intermédio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também denunciaram cobrança abusiva de luz e água.
Obras do PAC na área habitacional têm sido criticadas pela qualidade do acabamento e por problemas de infraestrutura em outros bairros do Rio de Janeiro. No caso do conjunto no Complexo do Alemão, assim que terminou a inauguração da 22; UPP do Rio, depois que o governador Sérgio Cabral deixou o local sem dar entrevistas, os moradores do Condomínio Jardim Itaoca abordaram os jornalistas.
Entre as denúncias apresentadas à imprensa sobre a situação dos prédios, inaugurados a partir de 2010, estão a existência de rachaduras, vazamento e entupimento da rede de esgoto. Também mostraram contas de água que chegam a R$ 26.400.
De acordo com a síndica do prédio 5B, Maria Amélia Romão, o Consórcio Rio Melhor, liderada pela construtora Odebrecht, e a Empresa de Obras Públicas (Emop) deveriam fazer a manutenção dos prédios por cinco anos, mas ignoram o direito dos moradores.
"Aqui a situação está cada vez pior", reclamou. "Tem todo tipo de problema e ninguém vem resolver. Fazem a gente de [bola de] pingue pongue", completou, referindo-se à Emop, que prometeu um técnico para avaliar as condições do condomínio.
A cobrança por água e luz também preocupa quem mora no Itaoca. Famílias mostraram contas de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) com valores acima de R$ 1 mil. No caso da dona de casa, Elizabeth da Costa Nicolaudo, do bloco 4B, a cobrança é de R$ 26.400. Quando se mudou para o apartamento, o valor médio era R$ 15.
"O problema é que para resolver, pedem, primeiro, para pagar a conta. Mas como vou pagar um valor desse?", reclamou a dona de casa. A empresa estadual disse que mandará um engenheiro para checar se há algum tipo de vazamento no local .
Moradora do bloco 4A, Raniele Batista também apresentou contas da Light com valores entre R$ 100 e R$ 300. Segundo ela, que é cadastrada para pagar a tarifa social, também é preciso pagar para tentar uma negociação com a empresa - que não se pronunciou sobre a cobrança. "Tem muita gente aqui na mesma situação", afirmou a dona-de-casa, mãe de seis filhos.
De acordo com as famílias que têm imóveis no condomínio, apesar dos problemas estruturais nos prédios, a UPP na porta de casa é vista com bons olhos. A expectativa é de que os casos de roubos aos apartamentos diminuam.
"Arrombaram minha casa aqui de madrugada, outro dia. Entraram e levaram aparelho de telefone fixo e o celular. [Para se defender] minha filha se trancou no quarto com o irmão. Sabe Deus se não podia ter acontecido algo pior", contou Fátima Santana.