O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse nesta segunda-feira (30/4) que confia nas investigações que serão conduzidas pelo governo do presidente boliviano, Evo Morales, sobre as denúncias de maus-tratos, invasão de casas, mortes de gado e expulsões ocorridas contra brasileiros por militares da Bolívia na fronteira com o Brasil. As agressões foram na semana passada e o governo brasileiro pediu explicações oficiais aos bolivianos sobre o episódio.
;Os dois vice-ministros [das Relações Exteriores do Brasil e da Bolívia] estiveram em contato por instrução superior e a reação boliviana foi muito positiva, do nosso ponto de vista. Ou seja, eles se comprometeram a investigar plenamente o que ocorreu e estamos aguardando, então, essa investigação;, disse Patriota, depois de se reunir por cerca de uma hora e meia com o chanceler do Equador, Ricardo Patiño.
Em seguida, Patriota informou que na semana passada, o encarregado da Embaixada do Brasil na Bolívia, o diplomata Eduardo Sabóia, acompanhado por policiais federais e integrantes do governo do Acre até a cidade de Capixaba, a 77 quilômetros de Rio Branco (capital do Acre), entrou em contato com as autoridades bolivianas e visitou o local onde vivem os brasileiros que disseram ter sido agredidos.
Na ocasião, o Itamaraty cobrou do governo de Morales uma reação oficial que, segundo Patriota, ocorreu por meio de informações de que as denúncias serão apuradas.
;O ministro conselheiro da embaixada em La Paz, Eduardo Sabóia, ao voltar nos fez um relatório pormenorizado e por enquanto não tenho nenhuma razão de duvidar da mais plena disposição boliviana em apurar exatamente o que aconteceu;, afirmou o chanceler brasileiro.
De acordo com diplomatas que acompanham o assunto, um das origens da crise é uma lei da Bolívia que estabelece que estrangeiros não podem ser proprietários de terras em uma faixa de 50 quilômetros em relação à linha de fronteira. Há um esforço dos governos brasileiro e boliviano para retirar de forma pacífica os produtores rurais brasileiros que vivem na região.