Mogi das Cruzes (SP) ; Mahmoud Abu Zamaq, de 66 anos, não queria, mas mora em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Também não queria ter saído do Iraque, para onde foi se mudou tinha dois anos de idade. Palestino, Zamaq, hoje, queria era marcar a consulta que há seis meses tenta com um oftalmologista da rede pública de saúde. Outro desejo é voltar para Haifa, onde nasceu. Zamaq é um refugiado. Chegou a Mogi das Cruzes há cinco anos com a mulher e dois filhos em um grupo de 57 palestinos incluídos em programa de reassentamento para despatriados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Todos viviam em Bagdá, a capital iraquiana, e foram obrigados a deixar o país ; muitos sob a mira de armas ; pelos próprios vizinhos, em 2003, quando começava a ruir a ditadura de Saddam Hussein, depois da invasão das tropas dos Estados Unidos. Eram vistos como estrangeiros que se aproveitavam do governo, que fornecia moradia aos palestinos. A saída foi migrar para a Jordânia, onde acabaram vivendo por quatro anos no campo para refugiados Ruweished, quatro horas a leste da capital Amam, antes de entrarem para o programa de reassentamento da ONU.