O dono da pousada em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, e um bombeiro hidráulico serão indiciados por homicídio culposo - quando não há intenção de matar - pela morte de um casal de estudantes, em março do ano passado.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, a morte de Gustavo Lage Caldeira Ribeiro, de 23 anos, e Alessandra Paolinelli de Barros, de 22, foi provocada pelo excesso de monóxido de carbono que escapou para dentro do quarto, devido a uma falha na instalação de um aquecedor.
O resultado da investigação foi divulgado em entrevista coletiva nesta segunda-feira (27). De acordo com Elenice Ferreira, da Delegacia de Homicídios Sul, responsável pelos trabalhos, houve uma modificação na instalação do aquecedor a gás da banheira do chalé onde o casal estava hospedado. A hipótese inicial - de que a lareira tivesse produzido o gás que matou os jovens - foi descartada pelos peritos como principal causa da morte, pois produziu pouca concentração da substância.
Segundo a polícia, o chalé foi construído sobre pilares e o equipamento foi instalado entre eles. Por causa dos ventos fortes, que normalmente atingem a região, a chama do aquecedor se apagava com frequência. Buscando solucionar o problema, o proprietário contratou um bombeiro hidráulico autônomo para fazer uma obra no local. O profissional sugeriu que ele fechasse parte do espaço com alvenaria e retirou a chaminé por onde saía o gás. A obra foi feita sem que nenhum dos dois entrasse em contato com um engenheiro responsável.
Conforme Ferreira, o monóxido de carbono produzido pelo aquecedor entrou pelo quarto do casal através do sistema hidráulico da banheira, que chegou a ficar ligada por 10 horas. A substância, sem cheiro ou cor, provoca tontura e sonolência. A investigações apontaram que penas Gustavo apresentou reação ao contato com o gás, já que ele teria vomitado.
Ainda de acordo com a delegada, o proprietário foi indiciado porque agiu com negligência e imprudência ao não contratar um engenheiro. Já o bombeiro hidráulico, segundo a polícia, agiu com negligência e imperícia, por saber que não podia isolar o aquecedor ou fazer esse tipo de serviço. O inquérito será encaminhado à Justiça com uma recomendação ao Ministério Público para que o órgão tome providências, a fim de evitar que outros casos se repitam em outros estabelecimentos. O Estado de Minas ainda não localizou os advogados dos indiciadosp para falar sobre o assunto.