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Familiares de 9 vítimas do desabamento ainda não têm notícias de parentes

Familiares de nove vítimas do desabamento de três prédios no Centro do Rio de Janeiro, há quase uma semana, continuam sem notícias dos parentes. Ontem, a Polícia Civil fluminense começou a colher amostras de tecido de parentes das vítimas para a realização de exames de DNA em quatro corpos que estão no Instituto de Medicina Legal. O material genético também será usado caso algum cadáver ou fragmento venha a ser recolhido pelas equipes de resgate.

Até agora, 17 corpos foram localizados, 13 deles identificados. Os quatro restantes serão submetidos a testes de DNA, que podem levar de 15 a 30 dias para serem concluídos. Há ainda cinco pessoas desaparecidas. O comandante do Corpo de Bombeiros e secretário Estadual de Defesa Civil, Sérgio Simões, garantiu que o trabalho da corporação ainda não terminou. ;Nós continuamos com as buscas por corpos, tanto no local do desabamento quanto na área do despacho dos escombros.; O coronel não descarta, no entanto, hipótese de que alguns corpos não sejam encontrados. A Avenida Treze de Maio, onde os três prédios desabaram, foi aberta ontem depois de permanecer interditada desde o acidente.



Enquanto as autoridades apontam como a causa mais provável da tragédia uma reforma irregular que estava ocorrendo no primeiro prédio a cair, o Edifício Liberdade, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) acumula, desde a tragédia, 170 denúncias sobre obras supostamente ilegais em edifícios da cidade. ;Todas serão avaliadas por técnicos do Crea;, afirmou o engenheiro Luiz Antonio Cosenza, presidente do Conselho de Análises e Prevenção de Acidentes da entidade. Ele explicou que obras de reforma dentro de casas, prédios e salas comerciais não precisam de autorização da prefeitura desde que o objetivo não seja alterar a estrutura do local. Caso contrário, é necessária a avaliação de um engenheiro.

O delegado Alcides Alves Pereira, que trabalha no caso, afirmou que o inquérito está bem encaminhado. A intenção é continuar ouvindo testemunhas que estão sendo contatadas por telefone e se apresentando espontaneamente. ;Os depoimentos são muito importantes e ainda teremos o laudo da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli;, destacou. Ontem, segundo a advogada Simone Argolo Andrés, a recém-criada associação de vítimas do desabamento conseguiu na Justiça o acesso aos escombros dos edifícios levados para um depósito sob custódia da prefeitura carioca.

Engenheiro será ouvido


O engenheiro calculista Paulo Sérgio da Cunha Brasil deve ser ouvido pelo Crea-RJ em breve, segundo Luiz Antonio Cosenza, presidente do Conselho de Análises e Prevenção de Acidentes da entidade. Brasil teria sido contratado pela Tecnologia Organizacional (TO) para dar explicações ao condomínio sobre a segurança de uma obra no terceiro e no nono andares do Edifício Liberdade. O laudo elaborado por ele limitava-se a informar que os quatro sacos de cimento armazenados no terceiro andar não apresentavam risco à estrutura do prédio. Ele negou ter qualquer participação na obra e informou ter sido questionado apenas sobre o peso do material de construção. Já o advogado Geraldo Beire Simões, que representa o síndico do Edifício Liberdade, afirmou que o laudo completo ainda estava sendo aguardado.