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Arquitetos dizem que nenhuma hipótese levantada explica o desmoronamento

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Rio de Janeiro, Sydnei Menezes, está perplexo com o desmoronamento de três edifícios no centro do Rio de Janeiro, ontem à noite. Segundo ele, não havia sinais de que as edificações pudessem cair. ;O prédio não teve nenhum movimento pendular, não inclinou para cima ou para os lados. Ele simplesmente desmoronou e levou com ele os outros prédios, colados em divisa. Houve uma ruptura violenta, um colapso fulminante da estrutura. Esse desabamento foi um fato inédito. A maneira como ocorreu, sob o ponto de vista técnico, é realmente algo assustador;.

Com relação às hipóteses mais prováveis para explicar o acidente, Sydnei Menezes fez alguns esclarecimentos. Considera que se a causa tivesse sido vazamento de gás, uma possibilidade praticamente descartada, haveria uma explosão muito violenta, com muito barulho, o que não ocorreu.

Quanto à possibilidade de uma reforma interna no prédio ter atingido alguma estrutura, tese defendida por engenheiros que acompanham o caso, ele preferiu ser cauteloso. ;Quando se mexe nas estruturas de um prédio para reformas internas, a própria estrutura reage, dá sintomas de fadiga. Você vê, por exemplo, trincas, portas emperradas, janelas fora do prumo, vidros quebrados. Há todo um prenúncio dos sintomas de um colapso estrutural, e disso também não se tem registro;, explicou.

Sidney Menezes alertou para o fato de que nem o CAU, nem o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) tem registro de qualquer profissional técnico responsável por obras em algum dos no prédios que desabaram. ;Se for constatada a existência de uma obra, ela estaria sendo feita fora dos procedimentos regulares e legais, sem o acompanhamento técnico de um profissional, seja da arquitetura ou da engenharia.

Com relação a uma instabilidade do terreno onde os prédios foram construídos, uma área de charco que foi aterrada, o arquiteto explicou que a hipótese é improvável. ;Os demais prédios do entorno não foram abalados, o próprio Theatro Municipal, que é uma obra iniciada no governo do prefeito Pereira Passos, em 1904, não sofreu nenhum abalo;.

Ele também considerou improvável a possibilidade de o desabamento ter sido uma consequência de obras do metrô feitas na década de 1970 (a Linha 1 passa sob a Avenida 13 de Maio). ;Para que isso ocorresse, teriam que haver sintomas, como rachaduras."

Localizado no número 44 da Avenida 13 de Maio, o Edifício Liberdade foi construído há 70 anos. Segundo o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio, era um prédio de estrutura arquitetônica de concreto armado, tecnologia usada na época e presente em centenas de edifícios do mesmo período no Rio de Janeiro. ;Estamos solicitando as plantas orginais do prédio, não sei se vamos conseguir, por ser muito antigo, mas precisamos de todos esses elementos para chegar a uma conclusão;, disse.

[SAIBAMAIS]Para Menezes, o acidente não deve suscitar preocupação com relação a outros edifícios antigos do centro da cidade. ;A questão da antiguidade não compromete, porque todos foram construídos com uma tecnologia da época, mas absolutamente correta do ponto de vista técnico;.

O arquiteto acha, no entanto, que a região do centro do Rio onde ocorreu o desabamento merece cuidados especiais, pelo seu rico patrimônio arquitetônico e cultural. ;A área marcada pelos prédios do Theatro Municipal, da Biblioteca Nacional, da Câmara Municipal e do Museu Nacional de Belas Artes é uma das mais bonitas do mundo, do ponto de vista arquitetônico;, assegura.