Dois prédios no Centro do Rio de Janeiro desabaram ontem, por volta das 20h30. Um é o Edifício Liberdade, localizado na Avenida Treze de Maio, número 38, com 20 andares. O segundo é o Edifício Colombo, que tinha 11 andares e ficava na Rua Manoel de Carvalho, número 16. Um terceiro, de quatro andares, que fica entre os dois que caíram, pode ter sido afetado pelos escombros. A área abriga construções tradicionais, como o Theatro Municipal, que, aparentemente, não teve sua estrutura comprometida. Pelo menos 11 pessoas estariam presas nos escombros. Integrantes da Defesa Civil informaram, extraoficialmente, que duas pessoas teriam morrido. Outro edifício, na Avenida Almirante Barroso, começou a apresentar estalos, correndo o risco de também cair. Por isso, o local foi isolado e os moradores, resgatados pelos bombeiros.
Além de um cheiro forte de gás, testemunhas ouviram grandes explosões antes dos desabamentos, o que sugere como causa algum vazamento. O episódio reabre o debate sobre as instalações dos prédios que ficam na área central da capital fluminense. Em outubro passado, um acidente no restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, deixou três mortos e 17 feridos (veja memória). Pelas informações preliminares das equipes de saúde do Rio, cinco pessoas deram entrada no Hospital Souza Aguiar. No térreo do prédio Liberdade, havia uma agência bancária e uma sapataria, que já estavam fechadas. No entanto, muitos dos estabelecimentos comerciais dos andares só fechavam às 21h, o que eleva a possibilidade de mais vítimas.
Resgates
Cerca de 30 pessoas do prédio ao lado, que começou a estalar, na Avenida Almirante Barroso, foram para o terraço e conseguiram ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. Segundo relatos dados noticiados por emissoras de rádio que estavam no local, escombros atingiram o edifício, impedindo a saída. Testemunhas dos desabamentos relataram ao Correio os momentos de incerteza sobre o que havia acontecido até o susto ao se darem conta de que pelo menos dois prédios tinham caído diante de seus olhos. ;Eu estava com um amigo na esquina, em frente ao restaurante Amarelinho, quando ouvi um barulho. Achei que era um atropelamento. Em seguida, fumaça subiu e muita gente começou a correr. Nós achamos que era um bueiro. Mas as pessoas se aglomeraram e alguns motoristas que conseguiram passar avisaram que era um prédio que tinha desabado;, afirmou Jean Souza, 27 anos.
A estudante de comunicação Lívia Veras, 26 anos, estava perplexa por ter passado, caminhando, próximo ao local cerca de 20 minutos antes: ;Saí de uma reunião, peguei o ônibus na Cinelândia e fui passando pela Almirante Barroso. Começamos a ver muita poeira, o Centro ficou tomado. Ficamos sem entender, até que os bombeiros começaram a aparecer. Imagine se eu resolvo caminhar por lá?;.
O contador Heverton Ferreira havia saído meia hora antes do Liberdade. Quando soube por um telefonema do acidente, retornou desesperado para ter notícias do pai, que ainda estava em um dos escritórios. De acordo com o contador, nesta semana, porteiros teriam dito que a companhia de gás faria inspeção no subsolo em razão de um forte cheiro de gás.
O prefeito Eduardo Paes se dirigiu ao local para acompanhar os trabalhos de resgate. Às 23h, Paes falou sobre o incidente. ;Não sabemos a causa (do desabamento). O mais provável é que seja um dano estrutural no prédio, e não uma explosão. Mas isso é especulação. Não está descartada nenhuma hipótese, mas a de que tenha sido vazamento de gás é muito pequena.;
Familiares e amigos de pessoas que trabalhavam na área também cercaram o bloqueio feito pelas equipes de busca à procura de informações. Mas a Guarda Municipal insistia em proibir a aproximação devido ao risco de novos desabamentos. A partir de hoje, a Defesa Civil analisa a situação dos edifícios vizinhos, que, dependendo dos danos, poderão ser condenados. Até o fechamento desta edição, retroescavadeiras estavam removendo escombros no local. O fornecimento de gás de todo o quarteirão foi interrompido e quatro estações de metrô do Centro do Rio ficarão fechadas hoje, para manutenção, por causa do desabamento.
Carla Camurati estava no teatro
Os desabamentos na região central da capital fluminense deixaram em pânico quem estava nos arredores, entre eles a presidente do Theatro Municipal, Carla Camurati. A atriz saiu às pressas do prédio e caminhou pela calçada, onde equipes dos bombeiros e da Defesa Civil trabalhavam no resgate de possíveis vítimas da tragédia. A direção do Theatro Municipal informou que o prédio histórico não foi atingido. Mas os destroços acertaram o edifício anexo, onde fica a bilheteria.