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Dificuldade em localizar vítimas prolonga a dor de moradores do RJ

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A cada dia de buscas os moradores do município fluminense Sapucaia contabilizam vítimas do deslizamento de terra que atingiu oito casas na última segunda-feira. Ontem de manhã, dois corpos foram encontrados sob os escombros. Agora, chegam a 20 as vítimas das chuvas ; 16 adultos e quatro crianças. Entre os mortos estão cinco pessoas da mesma família que tentaram se refugiar em um Fusca, também soterrado pela terra. Parentes da família relatam que havia uma mulher grávida de três meses no veículo e que a casa onde eles moravam permaneceu intacta após a chuva. Equipes de busca e salvamento e cães farejadores continuam no local à procura de dois desaparecidos. Trabalho que continua sendo interrompido para os cortejos fúnebres das vítimas.

Os corpos soterrados e os alagamentos provocados pelas chuvas trazem não apenas dor, mas doenças aos sobreviventes. A Secretaria de Estado de Saúde informou que começaria a montar ontem um hospital de campanha em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. ;Estivemos em Três Vendas e, apesar das recomendações da Defesa Civil, metade da população se recusou a sair de suas casas. A previsão é de que a água demore de três a quatro semanas para baixar totalmente, quando também devem surgir os casos de doenças comuns após alagamentos, como a leptospirose;, afirmou o secretário de Saúde, Sérgio Côrtes. Segundo balanço da Defesa Civil, no norte e no noroeste do estado 14.920 pessoas estão fora de suas casas: 12.029 desalojadas e 2.891 desabrigadas. O vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que, ontem, seriam iniciadas as obras de 2.200 apartamentos em Nova Friburgo. Sete municípios fluminenses ainda estão em situação de emergência.

Segundo o Programa de Identificação de Vítimas, do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos, mantido em parceria entre o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil, existem 215 pessoas desaparecidas desde as fortes chuvas que causaram desabamentos em municípios da Região Serrana do Rio de Janeiro há um ano. Mais de 900 pessoas morreram.

Minas
Em Minas Gerais, subiu para 137 o número de municípios que decretaram situação de emergência em função das chuvas ; na última quarta-feira, eram 127. A quantidade de pessoas desalojadas desde outubro também aumentou, de 25.514 para 46.970, de ontem para hoje. O órgão informou, no entanto, que os números divulgados correspondem à soma acumulada das ocorrências registradas desde outubro, e podem não representar a situação atual. Minas contabiliza 15 mortes no período chuvoso ; pelo menos quatro pessoas estão desaparecidas.

O tempo continua instável no estado nos próximos dias e técnicos da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte vistoriam construções em locais considerados de alto risco para traçar um diagnóstico preciso do risco de desabamento e propor soluções.