Jornal Correio Braziliense

Brasil

Próteses da holandesa Rofil também foram feitas com silicone inadequado


Próteses de silicone preenchidas com material irregular de pelo menos duas marcas foram comercializadas no Brasil. Além do material da francesa Poly Implant Prothese (PIP), os produtos da holandesa Rofil correm risco de ruptura prematura. A Sociedade Internacional de Estética e Cirurgia Plástica (Isaps), sediada nos Estados Unidos, deu o alarme e recomenda a remoção do implante. A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, afirma que não existe nenhum alerta sanitário com relação a essa marca.

O foco, até agora, estava apenas na empresa PIP, mas médicos confirmam que a substância utilizada nas duas próteses é a mesma. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Abudib, ressalta que a mudança é apenas na marca. ;É o mesmo fraudador. Só que com nome diferente;, frisa. A recomendação do cirurgião é que as mulheres que têm a prótese da Rofil sigam o mesmo conselho dado às com o silicone da PIP. Para ele, é preciso procurar um médico, que fará uma análise. ;O fato de ter essa prótese não é motivo para operar todo mundo, apenas as que têm ruptura devem ser retiradas;, afirma.

Segundo José Horácio, a SCBP não tinha informação de que o Brasil havia importado os produtos da marca holandesa. O Correio apurou, no entanto, que os produtos da Rofil entraram no mercado brasileiro em 2004 e têm autorização para ser comercializados até 2014, conforme informação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o presidente eleito da Isaps, Carlos Uebel, a preocupação da entidade é exatamente com relação ao número de prótese das duas empresas que foram vendidas no país. ;Foram mais de 25 mil próteses só no Brasil. Por isso, estamos orientando a remoção para todas as mulheres;, afirma. ;Se tiver ruptura, a troca deve ser imediata, mas, se ela estiver em boas condições, recomendamos que seja trocada dentro de um prazo de seis a oito meses;, acrescenta.

Segundo ele, o silicone que está dentro dessas próteses não é compatível com o organismo humano, pode causar lesões como infecção e inflamação e, inclusive, se disseminar para outras regiões do corpo. ;Ainda não sabemos qual a gravidade desse processo, mas, na Europa, em países como Alemanha e França, já houve mais de mil rupturas. Por isso, as agências de vigilância sanitária desses países indicam a remoção;, explica. Uebel lembra que todas mulheres que têm silicone, independentemente da marca, devem trocá-lo geralmente após 10 anos devido ao risco de ruptura.

Dois distribuidores
As próteses da Rofil foram distribuídas no Brasil inicialmente em 2004 pela Andema Comercial e Importadora. De acordo com o gerente comercial da empresa, Pedro Lozer Filho, há mais de quatro anos a Andema não trabalha com os produtos da marca. Ele não soube informar se há queixas em relação às próteses nem quantas tinham sido comercializadas. Desde 2008, a responsável pelo produto no país é a Phamedic Pharmaceuticals. A empresa registrou os produtos da Rofil na Anvisa em janeiro e novembro de 2009 e os registros continuam válidos até 2014.

Procurada pelo Correio, a Anvisa não informou se recebeu informações sobre a prótese holandesa. Com relação ao silicone da PIP, a agência reguladora confirmou ter recebido 12 queixas, sendo cinco em 2010 e sete em 2011.


Menos sal no pão francês
A Anvisa disponibilizou em seu site (www.anvisa.gov.br) um manual para que os estabelecimentos reduzam a quantidade de sal na elaboração do pão francês. As informações fazem parte do Documento de Referência para Guias de Boas Práticas Nutricionais, com medidas que visam orientar estabelecimentos na preparação de alimentos com menor teor de açúcar, sódio, gordura trans e saturada. De acordo com a Anvisa, cada unidade de pão francês de 50g gramas tem 320mg de sal. Objetiva-se reduzir esse teor em até 10% até 2014, para 289mg.