A proposta aceita por PMs e bombeiros inclui a incorporação de R$ 859 ao salário de policiais que atuam no turno da madrugada, a redução da jornada de trabalho de 46 horas para 40 horas semanais e a anistia a todos os que participaram do movimento grevista nos últimos cinco dias.
Mas outro problema ameaça a segurança pública: na noite de ontem, os policiais civis decidiram cruzar os braços em busca de melhorias salariais.
O governo federal acompanha de perto a situação. Segundo o ministro da Justiça em exercício, Luiz Paulo Barreto, que afirmou estar em contato direto com Cid Gomes, o Ceará pediu, na tarde de ontem, um novo reforço da União para atuar na segurança, principalmente pelo fato de as cidades litorâneas estarem cheias de turistas. ;Temos 280 militares da Força Nacional, além do efetivo do Exército (1.059 homens), e o governador pediu mais ajuda das Forças;, disse Barreto.
Com a segurança pública comprometida, lojas do centro, shoppings centers, postos de gasolina e farmácias fecharam as portas nesta terça-feira, temendo saques. Além do comércio de Fortaleza, repartições públicas e serviços básicos, como postos de saúde, correios, secretarias municipais e o Tribunal de Justiça encerraram mais cedo o expediente.
Ainda na tarde de ontem, policiais e bombeiros rejeitaram uma proposta do governo do estado sobre o reajuste da categoria. De acordo com o cabo Flávio Sabino, presidente da Associação dos Cabos e Soldados Militares do Ceará, o governo havia oferecido 23% de reajuste, mas a categoria exigia de 80% a 100% entre 2012 e 2014. O salário inicial de ambas as categorias é R$ 1.601.
Medo
O administrador Thiago Rocha Ramalho, morador de Brasília, de férias em Fortaleza, contou o clima de medo na capital cearense. ;Está tudo fechado e as pessoas estão preocupadas. Não sabemos o que é boato e o que não é;, disse, referindo-se a uma suposta onda de arrastões divulgada nas mídias sociais. Mas, de acordo com o Ministério da Defesa, a gravidade da situação não correspondeu ao propagado. ;A situação está muito menos caótica do que os sites estão mostrando;, disse um servidor do órgão.
Na última segunda-feira, a Justiça determinou o fim da paralisação, iniciada na quinta-feira, e o pagamento de multa diária de R$ 15 mil a cada uma das associações da classe e R$ 500 por militar envolvido no movimento. No sábado, o governo do estado havia decretado estado de emergência.
Colaborou Denise Rothenburg