João Clemente Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta, viveu grande parte da vida envolvido com desfiles de escolas de samba. E não foi por menos, que na sua partida, ele fosse homenageado com um grande desfile, regado a muito samba, paixão do carnavalesco maranhense.
No fim da manhã desta segunda (19), um cortejo em carro de Bombeiros partiu às 10h da manhã do Museu até o Cemitério do Gavião, no Maranhão, acompanhado pelo bloco Fuzileiros da Fuzarca e pela bateria da Turma do Quinto. O cortejo também passou pela Rua do Passeio, seguido por uma multidão de admiradores, autoridades e artistas locais.
Neguinho da Beija-Flor, puxador da escola de samba carioca, afirmou dever tudo de sua trajetória artística a Joãosinho Trinta. "Ele foi meu criador. O carnaval perde, com certeza, o seu maior representante", declarou Neguinho, emocionado.
José Pereira Godão, diretor do Boizinho Barrica, trabalhou com Joãosinho Trinta nos últimos meses, quando fizeram parte da equipe idealizadora das comemorações dos 400 anos de São Luís. Mesmo com pouco tempo de convivência, Godão destacou o exemplo de trabalho e determinação de quem já havia passado por dois derrames e perdido os movimentos de metade do corpo. "Ele tinha muita alegria e passou isso para o povo. Ele é um imortal, vai somente para outro plano", declarou Godão.
Outro companheiro de Trinta na equipe dos 400 anos, o diretor do Teatro Artur Azevedo, Roberto Brandão, destacou a lacuna deixada pela morte do carnavalesco. "Mas a influência dele é muito grande, isso está aí para as futuras gerações, um verdadeiro legado de quem foi o transformador do carnaval brasileiro".
Por volta das 11h, o corpo de Joãosinho Trinta chegou ao Cemitério do Gavião, no bairro da Madre Deus, onde centenas de pessoas já aguardavam. Na capela do Gavião, o padre Haroldo Passos Cordeiro regeu a despedida. "Nós não perdemos Joãosinho Trinta, porque sua obra vive. A cultura maranhense não se perdeu", afirmou o padre.