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Audiência para debater fim dos cigarros aromatizados divide opiniões

Entidades de saúde e da sociedade civil e fabricantes de fumo ocuparam lados opostos durante a audiência pública para debater o fim dos cigarros aromatizados. Proposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a ideia é proibir o uso de substâncias que dão sabor mentolado, doce e de especiarias aos cigarros e outros produtos derivados do tabaco, chamadas de aditivos, flavorizantes ou aromatizantes.

Um dos principais argumentos é que os cigarros com sabor induzem jovens e adolescentes ao hábito de fumar. De 2007 a 2010, subiu de 21 para 40 o número de marcas de cigarros com aroma cadastradas, segundo a Anvisa.

Para a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo, Paula Johns, a indústria do tabaco sabe como os cigarros com aroma atraem o público jovem e têm investido em embalagens criativas e novos sabores. ;Fumante [adulto] é fiel a sua marca. Não vai mudar para um cigarro bonitinho e cheiroso;, disse.

Adolescentes de 17 anos consomem duas vezes mais cigarros com sabor que os jovens na faixa etária de 26 anos, informou Cristina Cantarino, representante do Instituto Nacional do Câncer (Inca). ;A caixa colorida com aroma gostoso vendida ao lado do doce não é para conquistar meu avô. Estamos falando da saúde da população futura do país;, acrescentou.

Os fabricantes alegam que não existe comprovação científica que os aditivos atraem jovens a consumir produtos do tabaco. Segundo o representante da Associação Brasileira da Indústria do Tabaco (Abifumo), Carlos Galante, pesquisas indicam que o número de usuários de cigarros comum e dos aromatizados é semelhante. ;A Anvisa não apresentou nenhum estudo técnico que comprove esse entendimento;, disse.

Os fabricantes dizem ainda que a proibição inviabiliza o uso do tabaco tipo burley que necessita de adição de açúcar durante o processo de fabricação e que esse é o tipo de fumo é o mais produzido no país.

Já os pequenos produtores de fumo, a maioria na Região Sul, e os trabalhadores da indústria, que somam mais de 30 mil pessoas em 720 municípios, temem perda de renda e postos de trabalho com a proposta. Eles argumentam que a proibição do uso de aditivos e outros ingredientes nos cigarros facilitará a entrada e o comércio de produtos falsificados e contrabandeados. ;A falta do tabaco para esses municípios é prejudicial à saúde de seus habitantes;, disse José Milton Kuhnen, da Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria do Fumo.

A proposta precisa ser aprovada pelo colegiado da Anvisa, antes de começar a vigorar. Não há data para a avaliação.