Transportados por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), os corpos de 14 vítimas do acidente entre um ônibus e dois caminhões ocorrido na madrugada de sábado, próximo a Milagres (BA), chegaram ontem a Pernambuco. A maioria dos trabalhadores mortos era da cidade de Buíque, no agreste do estado, de onde saíram para cortar cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul. Ontem, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que dois dos três motoristas envolvidos no acidente ; o outro morreu no local da tragédia ; contaram versões diferentes sobre o motivo da colisão que resultou na morte de 33 pessoas.
Os corpos chegaram em um avião da FAB no Aeródromo Oscar Laranjeiras, em Caruaru (PE), de onde seguiriam em um caminhão refrigerado do Instituto Médico Legal (IML) para o município de Buíque, onde serão realizados os sepultamentos. Outras 19 vítimas serão enviadas de Buíque para Pernambuco hoje pela manhã. Dessas, oito ainda não foram identificadas.
O secretário de Saúde de Pernambuco, Antônio Figueira, afirmou que, até terça-feira, os feridos internados na Bahia seguirão para o Recife. Três continuam em estado grave e pelo menos um deles permanecerá no Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié (BA), pois há suspeita de morte cerebral. Valdison Monteiro Santana, 20 anos, foi o primeiro ferido a ser levado para Pernambuco e hoje deve receber a visita do governador do estado, Eduardo Campos (PSB). À tarde, Campos também deverá ir a Buíque para participar do enterro das vítimas. O governo decretou três dias de luto em razão da morte dos 33 trabalhadores.
Investigações
Até agora, as investigações mostram que o motorista da carreta carregada de gesso causou o acidente, segundo o inspetor Antônio Carlos Ruvenal Farias, presidente da Comissão Regional de Fiscalização e Transporte de Passageiros da PRF na Bahia. ;Foi a carreta que perdeu a direção e se projetou no ônibus. A própria versão do motorista diz isso;, afirma Farias. O condutor do veículo, Márcio Clênio Machado, 55 anos, poderá ser indiciado por homicídio doloso (quando não há intenção de matar).
O acidente na BR-116 ocorreu em uma ladeira, com duas faixas de subida e uma de descida. Ao tentar fazer uma ultrapassagem, supostamente irregular, o motorista da carreta teria colidido com o ônibus, que subia na faixa correta. O veículo, então, atingiu um caminhão com materiais de escritório que estava ao lado.
Hoje, a PRF vai enviar um relatório à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostrando que o ônibus trafegava de forma irregular. O veículo, que pertence a uma pessoa física, foi arrendado pela TCB Transbrasil, registrada em Ouro Preto do Oeste (RO). A empresa tem autorização para operar em vários trechos do país, mas não para fazer fretamentos, provável situação em que foram transportados os trabalhadores pernambucanos.
Ainda de acordo com a PRF, o ônibus de turismo circulava mediante liminares da Justiça. Uma delas, expedida pela Justiça de Brasília, autorizava o tráfego de veículos da empresa sem que fossem autuados pela PRF, ainda que não estivessem habilitados pelo sistema de controle de frota da ANTT.