Rio de Janeiro ; Antes da Força de Pacificação, formada por militares do Exército, deixar o Complexo de Favelas do Alemão e da Penha, previsto para junho, passando a segurança para a Polícia Militar, a região vai passar por uma grande operação que tem por objetivo fazer uma varredura a fim de acabar com que ainda existe de poder do tráfico de droga nas duas regiões. O trabalho será feito pelos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque, disse hoje (28) o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, ao apresentar um balanço da ocupação dessas comunidades, que completa um ano.
Segundo Beltrame, os militares vão ocupar uma área a cada dois meses. A expectativa é que a ação termine em junho do ano que vem, com a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). ;O propósito da UPP é a derrocada do império impostos por armas automáticas. Tem tráfico de drogas como em todo mundo, mas aqui as pessoas se assenhoram dos territórios. Esses muros vão sendo derrubados, proporcionando que a cidade se integre. O ganho é totalmente subjetivo, no primeiro momento: é o de uma mãe não ver uma pessoa portando um fuzil, ou uma criança com uma granada na cintura. Isso é violência e isso nos agride;, declarou.
E uma avaliação dos últimos 12 meses de ocupação dos dois complexos de favelas, Beltrame disse que ainda não é possível falar em sucesso mas, segundo ele, índices, como o de criminalidade, confirmam a melhoria de vida das comunidades locais. Ainda assim, o secretário admitiu a ocorrência inevitável do que chamou de ;incidentes;. ;Garantir que nada vai acontecer é impossível. As coisas estão boas ou ruins em relação a um determinado tempo. Se olharmos agora com o que era há um ano, tenho certeza que está muito melhor. Mas aquilo que se pretende, que é a diminuição ou nada de ruim aconteça, é uma meta a ser alcançada, e essa perseguição é eterna por melhoria de índices de criminalidade. Se olharmos para trás, se caminhou muito, mas se olharmos para frente ainda há muito o que fazer;.
O chefe do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, lembrou que a ocupação já resultou na prisão de mais de 170 pessoas envolvidas com o tráfico nas duas regiões, além da apreensão de drogas e armas, ressaltando as dificuldades que os militares enfrentam no local. ;Estamos falando de dois complexos enormes, numa topografia muito difícil, com mais de 20 comunidades que foram abandonados pelo Estado durante 30 anos. Os criminosos viviam aqui dentro e mandavam. Isso aqui era território deles, e o crime daqui estava causando problemas na cidade como um todo;.
De acordo com o general, por essas características a Força Pacificadora ainda não consegue evitar alguns confrontos. ;Se estamos patrulhando, e, de repente, nos deparamos com local de venda de tráfico, que são itinerantes, ele vai tentar defender. Mas, em um ano, considerando a área que estamos, quantos incidentes? O incidente é relevante, mas a quantidade de incidentes é irrelevante;, avaliou Pereira Júnior explicando que a função dos militares é a segurança dos moradores. ;Não podemos fazer operações que geram risco colateral. Não posso fazer uma operação para prender alguém, se essa operação vai colocar em risco moradores. A principal função nossa é preservar a vida dos moradores;, disse.