Jornal Correio Braziliense

Brasil

Índice de violência no DF cresceu 30% em três anos

O Brasil de 2011 ainda é um país de violência brutal, mas, aos poucos, consegue estabilizar as estatísticas mais críticas. Hoje, somos um país em que o crime, cada vez mais, ganha faces juvenis. O retrato da criminalidade no país, divulgado ontem no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostra um aumento de 7% no envolvimento de adolescentes entre 12 e 17 anos com o crime. No Distrito Federal, a situação é ainda pior. O crescimento foi de quase 30%. Segundo os dados, a taxa de adolescentes em conflito com a lei no DF é de 288,2 por 100 mil habitantes, a mais alta do país. No Brasil, esse índice é de 85,6.

De acordo com o relatório, há 12 mil adolescentes internados no país, outros 3,9 mil em internação provisória ; casos em que ainda não foi estabelecida a medida socioeducativa a ser cumprida ; e 1,7 mil em regime de semiliberdade. No DF, são 754 jovens ao todo, sendo a maior parte ; 500 ; em regime de internação. Os dados são da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), vinculada à Presidência da República.

;A criminalidade juvenil é um dado preocupante no DF e pode mostrar uma relação com a taxa de uso de drogas, que também é alta em relação às outras unidades de Federação;, explica Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, organização não governamental responsável pela publicação.

Segundo os dados apresentados no relatório, a taxa de uso e posse de drogas no DF é de 134 por 100 mil habitantes, também o maior valor entre todas as unidades da Federação. Em números absolutos, isso representa 3,4 mil ocorrências somente em 2010, quase 10 por dia. Com relação ao tráfico, o DF ocupa o quinto lugar no ranking nacional com uma taxa de 60,7 ocorrências por 100 mil habitantes. Perde para Rondônia (89,9), Minas Gerais (77,1), São Paulo (73,7) e Rio Grande do Sul (67,9).

;Esses números demonstram uma atuação policial na área do combate ao uso, posse e tráfico de drogas no Distrito Federal e o alto número de jovens cumprindo medidas de internação tem relação com os entorpecentes;, destaca Samira.

Nordeste
Além da criminalidade juvenil, foram compiladas informações como taxa de homicídios, ocorrências criminais, efetivos policiais e presos provisórios no país. Segundo Samira, o relatório deste ano traz boas notícias como a redução de 10% no número de ocorrências letais e a estabilização dos homicídios. A Região Nordeste, no entanto, ainda concentra taxas acima de 30% desse crime. Alagoas (68 por 100 mil habitantes), Paraíba (38) e Pernambuco (36) estão nas primeiras colocações.

As estatísticas do relatório foram obtidas a partir do cruzamento de dados coletados em órgãos como a Secretaria Nacional de Segurança Pública, Secretarias Estaduais de Segurança Pública, Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No entanto, alguns estados têm baixa cobertura de dados sobre violência.

O fórum cobra o fortalecimento do Sistema de Informações Estatísticas sobre Segurança Pública e Justiça Criminal, vinculado ao Ministério da Justiça, e o comprometimento dos estados em preencher os dados. Como metodologia, os pesquisadores dividiram as unidades da Federação em três grupos de acordo com o grau de confiabilidade das informações. O DF figura entre aqueles que padronizaram as informações.