Os pesquisadores do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) calcularam que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global subirá 19% até 2050. Quando considerados apenas os países de desenvolvimento médio e alto, onde o Brasil se inclui, o aumento é um pouco maior: 24%. Essa evolução, entretanto, pode ser 15% menor se os países insistirem em provocar a degradação ambiental, com desmatamento e uso de combustíveis fósseis. A devastação afetará principalmente países situados em ilhas e zonas costeiras, que abrigam 171 milhões de pessoas. O relatório aponta que, se comprovada a previsão de aumento da temperatura entre 1;C e 4;C até 2100 (comparação feita em relação a 1990), o nível do mar subirá entre 0,18m e 0,59m no período.
Isso significa que os moradores de Tuvalu, por exemplo, país composto por nove pequenas ilhas no Pacífico e cujo nível em relação ao mar é de 1,83m, terão de abandonar suas casas. O risco é compartilhado pelos habitantes de Kiribati (2m), localizado entre Havaí e Fiji, e as Ilhas Marshall (2,13m). Os problemas vão além: as intrusões de água salgada nas regiões costeiras poderão contaminar os poços, principal fonte de água potável nesses lugares. O alagamento de áreas agricultáveis afeta ainda a qualidade da alimentação e provoca aumento no preço da comida. Alan Fuchs, pesquisador do Relatório de Desenvolvimento Humano (RHD), alerta que a temperatura global hoje é 1;C maior do que há 100 anos, e o nível dos oceanos está 20cm mais alto do que em 1870.
Na avaliação de Marcel Burztyn, professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), além das mudanças climáticas, a rápida urbanização sem qualquer planejamento afeta indiretamente o desempenho do IDH. ;Quando as pessoas saem das áreas rurais, automaticamente a demanda por alimento nos meios urbanos cresce e a produção diminui. Como o reequilíbro dessa equação nem sempre segue a mesma velocidade, geram-se problemas na qualidade e no preço dos alimentos e de saturamento da infraestrutura nas cidades. Nesse contexto, o problema mais grave é a falta de acesso ao saneamento básico;, explica.
Ocupação desordenada
Situações de degradação ambiental podem ser observadas em Brasília. Aqui, a ocupação rápida e desordenada levou à devastação da mata ciliar de rios que abastecem o Lago Paranoá. A consequência é visível em pontos como a Ponte do Bragueto, tomada por ilhas de lixo e sedimentos. Moradores do Núcleo Rural do Bananal, às margens do espelho d;água, relatam que, há alguns anos, era possível navegar em trechos onde hoje só se vê terra e sujeira ; incluindo o despejo irregular de esgoto. A estimativa é de que o lago já perdeu 250 hectares de sua área original. ;Antes do despejo de detritos, a profundidade nessa região (próxima à Ponte do Bragueto) era de 3m. Hoje, vemos grotões de 10m de largura;, lamenta Luiz Carvalho Rocha, presidente da Associação de Moradores do Núcleo Rural Bananal.
Atrás na América Latina
Entre os países da região, Brasil está na 20; posição:
País IDH
44; Chile - 0,805
45; Argentina - 0,797
47; Barbados - 0,793
48; Uruguai - 0,783
51; Cuba - 0,776
;
84; Brasil 0,718
Os dez melhores e os dez piores
País IDH
1; Noruega 0,943
2; Austrália 0,797
3; Holanda 0,910
4; Estados Unidos 0,910
5; Nova Zelândia 0,908
6; Canadá 0,908
7; Irlanda 0,908
8; Liechtenstein 0,905
9; Alemanha 0,905
10; Suécia 0,904
178; Guiné 0,344
179; República Centro-Africana 0,343
180; Serra Leoa 0,336
181; Burkina Faso 0,331
182; Libéria 0,329
183; Chade 0,328
184; Moçambique 0,322
185; Burundi 0,316
186; Níger 0,295
187; República Democrática do Congo 0,286
O Brasil em 2011
Confira como estão as três principais variáveis para medir o IDH no país:
Renda
US$ 10.162
Rendimento anual per capita
Expectativa de vida
73,5 anos
Escolaridade
7,2 anos
Fonte: ONU