Outra situação grave apontada pelo estudo do IBGE é a destinação do lixo, que, associada às inundações, causa um grave problema de saúde pública. Somente 33% das cidades descartam seus resíduos sólidos em aterros sanitários, considerados a forma adequada por garantir a impermeabilização do solo ; o que evita contaminação dos lençóis freáticos ; e por evitar a disseminação de doenças. A maioria dos municípios, 50,8%, ainda descarta os resíduos em lixões a céu aberto. Considerando o volume de lixo produzido no país, 183t por dia, pode-se ter uma ideia da dimensão do problema. Em 2000, o volume era de 58t diariamente.
Gerente da pesquisa do IBGE, Adma de Figueiredo acredita que falta articulação entre os municípios, que poderiam fazer convênios e dividir as responsabilidades. Segundo ela, não são todas as cidades que precisam ter um aterro. Por meio de parcerias, o problema poderia ser dividido. ;Não é só uma questão técnica. É também um problema de articulação e de gestão política;, pondera. Em 2008, 116 municípios não adotavam estratégias de destinação aos resíduos sólidos, sendo que mais de 60% estavam na Região Sul. Nenhum deles no Centro-Oeste.
[SAIBAMAIS]O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista à GloboNews destacou a importância de investimentos na área. Segundo ele, cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 em saúde. Uma das principais doenças associadas à água contaminada e às inundações, a leptospirose, foi registrada em 12% das cidades brasileiras, sendo que em 3% houve óbitos.
Coleta seletiva
A reciclagem e a coleta seletiva também são formas de amenizar o problema e têm avançado no país. A porcentagem de municípios que executam a coleta seletiva, por exemplo, aumentou de 8,2%, em 2000, para 17,9%, em 2008. ;O serviço chega a ser feito em quase todos os municípios, mas, em alguns, não é diário e, em outros, não atende áreas mais isoladas. Ainda há muito o que avançar;, detalha Adma de Figueiredo. (JB)
RACIONAMENTO
O relatório do IBGE revela ainda um paradoxo. Apesar de ser um dos países com maior reserva de recursos hídricos, o Brasil enfrenta racionamento de água em 23% dos municípios. Em 41% deles, o problema é constante, independentemente da época do ano. A situação se torna ainda mais grave se for levado em consideração que, em 60% das cidades com mais de 100 mil habitantes, o volume de água tratada que se perde entre a captação e o consumidor varia de 20% a 50%. Nas cidades com população inferior a essa, a perda é de cerca de 20%.