O número de casos confirmados de coqueluche no país dobrou no primeiro semestre deste ano em comparação a todo o ano de 2010. Até agosto, foram registrados 583 casos, contra 291 no ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde. São Paulo foi um dos estados com maior registro de casos da doença, passando de 176, em 2010, para 183 casos, em 2011. As crianças são o grupo mais suscetível à coqueluche.
Apesar do aumento de casos este ano, o ministério nega um surto da doença no país. De acordo com o governo federal, a cada cinco anos, ocorre uma elevação no número de casos e, depois, eles voltam a cair. A sazonalidade está relacionada ao percentual de cobertura vacinal das crianças a cada ano, já que estima-se que 5% das crianças deixam de ser vacinadas e, com decorrer do tempo, ocorre um acúmulo de pequenos sem proteção.
O calendário prevê a vacina contra a coqueluche junto com a de difteria e tétano, a partir dos 2 meses de idade até os 7 anos de idade e protege por quase uma década. Não há previsão de vacinação para adultos.
O governo não cogita incluir a vacina para adultos nos postos de saúde por não considerar uma estratégia eficiente, já que menos de 30% da população adulta aderem às campanhas de vacinação. A recomendação das autoridades de saúde é reforçar a vacina entre as crianças e que os pais atualizem o cartão de vacinação dos filhos. O ministério destaca que, na década de 90, o país registrava mais de 15 mil casos de coqueluche por ano. Com o uso da vacina, os números passaram a decrescer.
Para o pediatra da Associação Paulista de Medicina (APM), José Hugo Pessoa, o aumento de casos de coqueluche está relacionado à transmissão da doença dos adultos para as crianças. Na fase adulta, a coqueluche se manifesta de forma leve e, muitas vezes, é confundida com outras doenças. Por isso, os adultos podem transmiti-la às crianças sem saber. Na infância, principalmente entre os menores de 1 ano de idade, há maior risco de complicações, como o desenvolvimento de pneumonia. ;Nos adultos, a gravidade é pouca. Nos primeiros meses de vida, tem mais complicações;, disse o pediatra. ;É um sinal de alerta;, acrescentou, sobre o aumento de casos.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche atinge o sistema respiratório provocando acessos de tosse em uma única respiração, conhecida como tosse comprida. Outros sintomas são dificuldade de respirar e vômitos pós-tosse. A doença é transmitida ao falar, tossir ou espirrar.