Antes mesmo que a Justiça determine os culpados, o governo do Rio de Janeiro quer indenizar com R$ 200 mil a família de Juan Moraes, 11 anos, morto supostamente por policiais na comunidade Danon, onde morava, na Baixada Fluminense. O governador Sérgio Cabral (PMDB) solicitou à Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos que dê andamento ao processo de reparação, mas não sabe dizer quando o valor poderá ser liberado aos parentes do menino, que foram incluídos em um programa de proteção a crianças e adolescentes ameaçados de morte.
O caso Juan, como o episódio ficou conhecido, só foi elucidado devido à insistência da mãe do menino, que nunca aceitou a versão de que o garoto havia desaparecido. Ela passou a denunciar o caso desde a noite de 20 de junho, quando Juan voltava da casa de um amigo com o irmão de 14 anos. No caminho, ele foi atingido por tiros, que também feriram o irmão e outro jovem, de 19 anos. Ao contrário do que relatavam as testemunhas, a Polícia Militar sustentou que agia durante uma operação na favela Danon. Sugeria também que Juan havia sido baleado por traficantes.
Um mês depois da morte, devido à grande repercussão do caso, a Polícia Civil se empenhou para elucidar os fatos, chegando ao corpo de Juan, encontrado à beira do Rio Botas, em Belford Roxo. Inicialmente, o corpo foi apontado por uma perita como sendo de uma menina. Em seguida, depois de a defesa de um dos policiais já suspeitos do crime exigir, o corpo acabou exumado para uma nova análise. Foi quando a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, desmentiu a profissional, informando que, após exames de DNA, estava comprovado que o cadáver era de Juan. A perita está afastada do caso.
Na sexta-feira, foi decretada a prisão preventiva dos quatro policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do menino. O juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4; Vara Criminal de Nova Iguaçu, aceitou o pedido de denúncia do Ministério Público contra os PMs por dois homicídios duplamente qualificados (a morte do garoto e de um suposto traficante) e por duas tentativas de homicídio, também duplamente qualificadas (do irmão de Juan e do jovem de 19 anos). A defesa dos policiais promete agir para que seus clientes respondam o processo em liberdade.