PARIS - A companhia aérea Air France afirmou nesta sexta-feira (29/7), em um comunicado, que "nada permite colocar no banco dos réus as competências técnicas da tripulação" do voo Rio-Paris que, em 1o. de junho de 2009, caiu no Atlântico com 228 pessoas a bordo.
Depois da difusão de um terceiro informe do Escritório de Investigações e Análises (BEA), órgão francês encarregado das investigações técnicas do acidente, a Air France defendeu o "profesionalismo" de seus tripulantes e questionou a "fiabilidad do alarme depois da perda de sustentação" do Airbus A330.
[SAIBAMAIS]O BEA anunciou nesta sexta-feira que identificou uma série de erros dos pilotos que causaram o acidente com o voo AF447. O relatório revela que os pilotos não adotaram o procedimento adequado após os primeiros problemas detectados durante o voo: perda de indicadores de velocidade - devido ao congelamento das sondas (sensores) pitot - e perda de sustentação da aeronave. "Os pilotos não identificaram a situação de perda de sustentação", apesar do alarme sonoro que se ativou durante 54 segundos, traz o relatório preparado a partir das investigações.
O documento diz ainda que eles não aplicaram o procedimento necessário após o congelamento das sondas (sensores de velocidade) pitot, o que provocou a perda dos indicadores de velocidade. O BEA informou que os comandantes da aeronave "não receberam treinamento sobre os procedimentos adequados a serem tomados em grandes altitudes".
O piloto que comandava a aeronave efetuou uma manobra manual no momento, uma vez que o piloto automático foi desativado após a perda dos indicadores de velocidade. O relatório afirma que o comandante da aeronave foi descansar às 2h da manhã sem deixar "claras recomendações" aos dois co-pilotos que ficaram no controle do airbus. Ele voltou à cabine às 2h11m e a gravação é interrompida às 02h14m.
O documento indica que os pilotos tampouco avisaram os passageiros dos problemas que enfrentavam na cabine. A empresa aérea Air France reagiu imediatamente ao relatório defendendo o "profissionalismo" dos seus pilotos e colocou em dúvida a confiabilidade do alarme, uma vez que o avião perdeu a sustentabilidade.
Até o momento, o BEA considerava que um problema nas sondas de velocidade tinha sido um dos fatores do acidente, mas também sempre ressaltou que a explicação definitiva seria conhecida apenas quando fossem descobertas as caixas-pretas, recuperadas em maio.