Jornal Correio Braziliense

Brasil

Canais transbordam e água invade casas e ruas em Recife

Ed Wanderley A chuva cessou, mas não os transtornos causados por ela. Com o Rio Capibaribe cheio (vazão superior a 900m³/segundo, quando o máximo é de 800), canais voltaram a transbordar e pontos de alagamento não conseguiram escoar suas águas, inundando trechos de várias ruas no Recife e complicando ainda mais o trânsito. Mesmo com sol, a reação mais comum continua sendo o de surpresa e preocupação. Galeria de fotos mostra alagamento no Recife No bairro do Parnamirim, a rua João Tude de Melo, foi invadida pelas águas do canal. Nos dois sentidos, na área, motoristas se arriscavam e tinham que ter paciência para conseguir enfrentar as águas, ao descer da ponte do Carrefour. Em alguns casos, somente a disposição não bastou, como o da promotora de justiça Mônica de Lima. %u201CPerdi meu carro. Tive que deixá-lo aqui porque ele não quis mais pegar. Fazer o quê?%u201D, disse. Na rua Dianópolis, paralela da Avenida Caxangá, no bairro do Cordeiro, o trânsito foi interditado. O Canal Santa Rosa encheu e invadiu a frente de algumas casas, enquanto ainda havia tráfego de ônibus no local. Aproveitando a calmaria de carros, três crianças passaram a manhã fazendo a via de piscina e nadavam em meio à água suja. %u201CMoro aqui há 4 anos e nunca vi isso. Já teve vizinhos se mudando daqui. Eu mesma suspendi todos os meus móveis%u201D, afirmou a dona de casa Josefa Custódio. No Derby, os alunos da Faculdade Maurício de Nassau que não haviam sido avisados tomaram um susto. O chão da praça em frente à instituição desapareceu. Apenas alguns carros se arriscavam no local e não tinha como andar nas ruas sem colocar os pés na água. Quem apareceu no local comprovava que aqueles que estiveram nas ruas, sem contato algum com a internet, se guiavam pelo tempo e não tinha medo de enchente alguma. %u201CEstava fazendo sol. Nunca imaginei que poderia ter água assim. Nem sabia que tinham suspendido as aulas%u201D, disse o aluno de arquitetura Bruno Santos de Assis. Na Madalena, mais água. No entorno do Clube Internacional a inundação invadiu o Posto BR e tornou o tráfego na região, que já é lento, impossível. O taxista Antônio Rodrigues trabalha há 20 anos na cidade e, pela primeira vez, decidiu ficar parado. %u201CEstacionei o carro num lugar seco e vou esperar para ver o que acontece. Ninguém consegue andar para Olinda, para a Torre, na Caxangá, em canto nenhum! É melhor ficar parado%u201D, disse. O cenário na Rua Senador Humberto Paiva, no Espinheiro, parecia de guerra. Carros parados, reboques a todo tempo retirando os veículos que paravam. Alguns outros soltando fumaça, com o motor engasgado e quase todo mundo insistindo em enfrentar as águas. %u201CO problema é que os guardas da CTTU estão logo ali, no início da rua, deixam a gente passar e não falam nada. O que eu ia pensar? Já tinha passado aqui ontem, mas dessa vez não tive a mesma sorte%u201D, lamenta a psicóloga Lucia Gomes. No local, inúmeras placas eram recolhidas pela população (veja vídeo). No sentido zona sul- centro do Recife, o congestionamento atinge tanto as pessoas que saem do bairro de Boa Viagem pela avenida Conselheiro Aguiar quanto pela avenida Boa Viagem. A situação se agrava nas imediações da Ponte do Pina. Na Agamenon Magalhães, com alguns semáforos quebrados, o tráfego evolui com dificuldade.