Jornal Correio Braziliense

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Robô iça uma das caixas-pretas do voo 447 da Air France

Por volta das 13h40 de ontem, pelo horário de Brasília, a caixa-preta do Airbus 330 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico durante voo do Rio de Janeiro com destino a Paris, foi retirada do fundo do mar. Considerada uma das peças mais importantes para elucidar os motivos do acidente que matou 216 passageiros e 12 tripulantes em junho de 2009, o cilindro na cor laranja resgatado contém as informações do voo, tais como velocidade, aceleração e desaceleração da aeronave, curvas realizadas e altitude. Além desse equipamento encontrado, chamado tecnicamente de Flight Data Recorder (FDR), há o Cockpit Voice Recorder (CVR), ainda desaparecido entre os destroços, que registra as conversas dos pilotos na cabine. Os trabalhos, a partir de agora, vão se concentrar na localização dessa segunda peça.

Para o comandante Carlos Camacho, diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, o resgate do gravador de voz será mais importante que o do FDR. Isso porque muitas das informações do voo já são conhecidas, por terem sido repassadas, via satélite, para a Air France e para a Airbus ainda durante o trajeto por meio de um equipamento acoplado ao avião chamado Aircraft Communications Adressing and Reporting System (Acars, pela sigla em inglês). ;Claro que os dados contidos na caixa-preta são muito mais completos que aqueles enviados de tempo em tempo pelo Acars às centrais em terra, mas é o gravador de voz que poderá trazer fatos realmente novos às apurações;, defende Camacho.

O especialista acredita que, com a ajuda dos robôs atualmente usados pelo Birô de Investigações e Análises (BEA, pela sigla em francês), não será difícil encontrar os registros de voz. ;É extremamente improvável que esses equipamentos tenham sido destruídos ou danificados. São construídos para suportar condições adversas impensáveis;, afirma Camacho. Remora 600, o robô submarino que trouxe a caixa-preta submersa a quase 4km da superfície da água, tem 1,2m de altura, 1,7m de largura e pesa 900kg. Utilizada para explorar petróleo, a máquina pode descer 6km no mar. No primeiro mergulho, feito na semana passada, o Remora 600 conseguiu trazer à tona o chassi da caixa-preta.

A máquina só começou a ser usada na quinta e atual etapa de resgate dos destroços. Desde que o avião caiu, matando 228 pessoas a bordo, as autoridades francesas empreenderam cinco tentativas de localizar destroços (veja arte). A primeira, logo depois da queda, teve o apoio da Força Aérea Brasileira e da Marinha, quando 50 corpos foram encontrados e parte da cauda da aeronave.