O temporal que atingiu a região metropolitana do Rio na noite de segunda-feira (25/4) e na madrugada desta quarta-feira (26/4) levou pânico aos moradores do Morro São João, na zona norte da cidade, próximo ao Morro dos Macacos. Uma casa foi destruída pela força da água e deixou uma criança ferida. Na comunidade mais moradias ameaçam desabar.
Os moradores do morro, que foi recentemente contemplado com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), reivindicam mais ações sociais, com a realocação de famílias que moram em áreas de risco.
Na localidade batizada de Matinha, a maior parte dos barracos é feita de chapas de madeira, sem assoalho e sem acesso à água potável. Muitos foram erguidos logo abaixo de rochas que ameaçam cair ou junto a encostas.
Construída em um terreno íngreme, a casa de Rafaela Pereira dos Santos não resistiu ao temporal e desabou, deixando ferida uma criança. ;Chovia muito e tinha muita água acumulada. De uma hora para a outra o barraco caiu;, disse, ainda assustada, em meio ao que sobrou de sua residência.
[SAIBAMAIS]Por causa da última chuva, a maioria dos imóveis da localidade já apresenta inclinação. A dona de casa Ivani Santos, que mora em uma casa de madeira, na companhia de quatro filhos e seis netos, teme pela segurança da família.
;Eu tenho medo que essas pedras possam descer e cair em cima da gente, machucando as crianças. Vai cair tudo e nada vai sobrar. Mas a gente não tem para onde ir, então temos que ficar aqui mesmo;, lamentou.
Apesar do perigo iminente de um deslizamento, mais pessoas continuam a se instalar no local. Ex-moradora de rua, Letícia da Rosa Freitas já começou a construir seu barraco, ainda na fase de fundações. Ela conseguiu um ;terreninho; de 6 metros quadrados, à beira de um barranco. ;Eu não tinha para onde ir, então vou construir aqui mesmo;, disse Letícia.
Uma representante da subprefeitura da Zona Norte esteve no local para verificar as condições dos imóveis e orientou os moradores a deixarem suas casas e buscarem abrigo em uma escola da região em caso de chuva forte. O Morro São João passou por um processo de desocupação e reflorestamento na década de 1970, mas foi novamente ocupado nos últimos anos.