Natal - Um retrato do abandono pelo poder público. É assim que está o bairro de Felipe Camarão, entremeado por ruas esburacadas, com acúmulo de lixo por toda parte e muitos esgotos a céu aberto. Além desses problemas, escolas estão sem receber alunos e três unidades de saúde foram improvisadas para funcionar dentro de um único prédio. O bairro tem população de 55 mil pessoas, a maioria com baixo poder aquisitivo e completamente dependente dos serviços públicos. A pergunta da moradora Conceição dos Santos Andrade bem que poderia ser um resumo do sentimento local: "Será que esqueceram da gente?"
A Rua Nossa Senhora do Rosário - via por onde passam várias linhas de ônibus e fica situada a maternidade do bairro -, por exemplo, tem uma cratera logo em seu início, além de buracos ao longo de toda a sua extensão. Para piorar a situação, em frente ao posto de polícia comunitária, na mesma via, um vazamento de esgoto alaga toda a rua e abriu muitas fissuras no asfalto.
"Os garis que passam aqui apanham o lixo que está no saco, mas o resto não. Há muito tempo que Felipe Camarão não tem uma limpeza nesses canteiros", reclama Conceição dos Santos. Os policiais alertam para os prejuízos que os buracos estão causando aos motoristas. "Está vendo essa placa da Caern? Ela foi colocada inteira. Mas de tanto baterem nela, já está quebrada", conta o PM.
Ou lixo ou buraco, a situação se repete nas demais ruas do bairro, e em alguns casos é pior que em Nossa Senhora do Rosário. A Rua da Sereia é outro exemplo: três pontos de esgoto escorrendo a céu aberto, crateras imposibilitando a passagem dos veículos e o lixo que se aglomera nas entradas da rua. "Esse esgoto vive estourando há anos. A gente paga um taxa de esgoto e nunca tem esse problema resolvido", apontou o morador Orlando Severino.
Já Suzana Rodrigues tem outra preocupação, que é que a exposição ao esgoto termine trazendo doenças para os seus quatro filhos. " À noite, aqui, tem muito mosquito e rato. É nojento isso e fica na porta da minha casa. Até para comer é difícil com essa fedentina", reclamou.
Os moradores da Oitava travessa Mirai, além da falta de infraestrutura, precisam conviver com o risco de suas casas desabarem. " Quando chove, a água desce com toda força e já derrubou o muro do frigorífico. A casa do meu filho está comprometida, toda rachada", diz Sandra Regina. A travessa é uma ladeira que tem, no seu final, um muro de um estabelecimento comercial. Não tem calçamento ou qualquer drenagem. A força da água da chuva derrubou o muro e está colocando em risco uma residência que fica nas proximidades. Sandra afirma que já procurou a Defesa Civil e nada foi feito para resolver o problema.
A assessoria de imprensa da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) informou que uma equipe irá até à Rua da Sereia e à Nossa Senhora do Rosário para verificar se os problemas de esgoto são oriundos da tubulação da Caern e, após essa averiguação, será feito o conserto.