Desde o início de abril, mais de 70 latifúndios em 17 estados brasileiros foram ocupados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As ocupações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária que o MST promove em memória dos 19 trabalhadores assassinados - durante operação da Polícia Militar do Pará no dia 17 de abril de 1996 - no episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado de Carajás.
O movimento calcula que 100 mil trabalhadores ocupam atualmente terras públicas e particulares no país. Desse total, 17 mil se apossaram de terras desde o início do mês.
Na semana passada, dirigentes do MST se encontraram com o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que prometeu responder às pautas apresentadas pelo movimento até o dia 2 de maio. Os trabalhadores também fizeram também reuniões nos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Educação, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Durante este mês, os integrantes do MST fizeram manifestações em 13 sedes do Incra. Além disso, houve fechamento de estradas, acampamentos, realização de debates com a sociedade, audiências públicas e reuniões em órgãos dos governos estaduais responsáveis pela questão agrária.
O MST reivindica a recomposição do orçamento do governo para reforma agrária, para as demandas da educação do campo e para a renegociação das dívidas dos assentados. Eles também querem planejamento em torno das terras públicas e daquelas em que foram encontradas práticas de trabalho escravo ou de crime ambiental.
A criação de um programa de regularização da dívida dos assentados também faz parte da pauta apresentada pelo MST em Brasília. A educação no meio rural e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária são considerados prioritários pelos sem-terra. Segundo o MST, desde o ano passado, foram fechadas 24 mil escolas no campo.