Jornal Correio Braziliense

Brasil

Mãe conta as últimas lembranças que tem da filha assassinada

;Quando cheguei ao sítio onde minha filha morava, a encontrei caída no chão. O arame estava enrolado no pescoço e ela estava toda machucada. A roupa havia sido rasgada no corpo. Achei que ela estivesse viva e a peguei no colo. Tentamos levá-la ao hospital, mas não teve jeito. Hoje, acredito que ela já estava morta quando a encontrei.; Essas são as últimas lembranças que a dona de casa Luiza de Oliveira, 57 anos, tem da filha Rosângela Ferreira. Aos 30 anos, a jovem foi assassinada pelo companheiro. Deixou dois filhos: um menino de 13 anos e uma menina de 5. O agressor foi preso no mesmo dia e, hoje, cumpre regime semiaberto.

Enquanto o homem de 43 anos segue sua vida, a família de Rosângela tenta recuperar a alegria. O crime ocorreu em junho de 2010, em Campo Belo, a 210 quilômetros de Belo Horizonte. Naquele dia, depois de voltar de uma festa, a vítima foi morta a pedradas e, em seguida, estrangulada com um arame. O mais assustador é que, enquanto matava a mulher, o homem ligava para o celular dos parentes da companheira para contar o que estava fazendo. ;Ele chegou a falar comigo: ;Escuta, ela já está até gemendo; e colocou o celular na boca dela. Escutei o gemido de dor da minha filha e depois um silêncio. Toda hora escuto aquele gemido. Sonho com ele;, conta Luiza.

Campo Belo é considerada a terceira cidade com maior número de homicídios contra mulheres em Minas Gerais. Segundo dados da Delegacia Regional, de 2008 até hoje, foram registrados, no município de aproximadamente 52 mil habitantes, nove assassinatos de mulheres. Um ainda não foi solucionado: o de uma mulher de 29 anos, encontrada esfaqueada no banheiro de sua casa, em agosto de 2008. O agressor, marido da vítima, está foragido.

Em 2010, foram dois casos. Cerca de dois meses depois do assassinato de Rosângela, foi a vez de Karina Cristina de Oliveira, 22 anos. Ela estava grávida de três meses e tinha outros três filhos quando foi assassinada com 10 tiros por traficantes.