Jornal Correio Braziliense

Brasil

Vigilância Sanitária suspende venda de medicamentos da Hipolabor

Segundo o Ministério Público, caso seja detectada alguma irregularidade, a empresa e o depósito poderão ser fechados definitivamente

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai continuar as investigações a respeito das irregularidades na indústria farmacêutica Hipolabor, com sede em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Anvisa vai suspender de forma cautelar o uso e a venda de todos os produtos da indústria por 90 dias. Quem faz uso de algum medicamento da empresa deve procurar um médico para orientação sobre troca do remédio. O depósito da empresa foi interditado na quinta-feira depois da inspeção feita Polícia Civil, a Secretaria Estadual de Saúde e Anvisa. Foi constatado que o depósito não tinha alvará de funcionamento e nem a licença especial concedida pela agência.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, a Anvisa informou que o depósito ficará fechado por três meses. Durante esse período, a Vigilância Sanitária irá avaliar todos os medicamentos armazenados no local. O laboratório e o galpão da Hipolabor podem ser fechados definitivamente. Na terça-feira, durante a Operação Panacéia, encabeçada pelo Ministério Público de Minas Gerais, os sócios da empresa foram presos acusados de adulteração e falsificação de medicamentos. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais, eles também poderão responder por tráfico de drogas, já que comercializavam medicamentos de forma clandestina. Com essa nova autuação os empresários Ildeu Magalhães e Renato Alves da Silva vão permanecer presos mesmo com o vencimento da prisão temporária pela qual estão detidos desde terça-feira.

A empresa também é alvo investigações sobre sonegação fiscal, transporte de mercadorias sem nota fiscal, compra de insumos no mercado interno e externo sem documentação fiscal e subfaturamento de preços para exportação. Em 10 anos, a Hipolabor teve 16 medicamentos suspensos Anvisa. Mesmo assim, apesar de investigado por duas mortes, o laboratório continuou operando com todas as autorizações estaduais e federais. A Hipolabor funcionava há 26 anos com todas as autorizações sanitárias e movimentava a média anual de R$ 300 milhões.

Demora na interdição


O Ministério Público de Minas Gerais alegou que antes da Operação Panaceia foi solicitado à Anvisa e a Secretaria de Saúde o envio de técnicos para avaliar a irregularidades na Hipolabor. Os profissionais estiveram na empresa e constataram que o depósito não tinha autorização de funcionamento e nem permissão para armazenar medicamentos. Mesmo assim, a agência não interditou a empresa. O MP acha que houve omissão na fiscalização. A secretaria nega que tenha havido omissão e afirma que só foi acionada na quarta-feira a tarde.