Jornal Correio Braziliense

Brasil

Aos poucos, indústria da moda de Nova Friburgo volta a contratar

Rio de Janeiro - Após as enxurradas de janeiro, que provocaram mortes e destruição na região serrana fluminense, só agora os empresários da indústria de vestuário de Nova Friburgo voltaram a receber pedidos. ;As pessoas estão com uma perspectiva boa;, afirmou à Agência Brasil a presidenta do Conselho da Moda do município e vice-presidenta do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo e Região (Sindvest), Nelci Layola.

Ela acredita que a próxima feira de vestuário, programada para o fim de junho, poderá surtir um resultado positivo sobre as vendas do setor. ;A gente está apostando muito nessa feira para mudar a imagem de destruição que foi levada para o mundo inteiro. Porque muitas pessoas ainda perguntam se [Nova] Friburgo não acabou;.

[SAIBAMAIS]Nelci Layola disse que as pessoas estão receosas de subir a serra porque pensam que as cenas de barrancos caindo podem se repetir a qualquer momento, em caso de chuva. Esclareceu, contudo, que as vias já estão liberadas e as lojas se encontram em pleno funcionamento. ;Quem foi muito atingido já conseguiu limpar a lama, conseguiu colocar as coisas para funcionar;. As promoções feitas pelo comércio locar também conseguiram trazer alguns clientes de volta, disse.

Nelci afirmou que, por desinformação, os compradores de maior porte da indústria local é que ainda estão com receio de ir a Nova Friburgo. ;Por isso, a gente está querendo fazer essa feira do vestuário, envolver a cidade toda no evento e divulgar o máximo possível, para mostrar que o Polo [de Moda Íntima] existe, que ele sobreviveu e que vai continuar existindo. Essa é a mensagem que a gente quer passar, para ver se a economia da cidade volta ao normal;.

O setor de vestuário de Nova Friburgo emprega 80% da mão de obra da indústria local. Isso significa entre 8 mil e 9 mil pessoas. ;É um polo muito grande. Um abalo dentro desse polo é um desemprego em massa;. Por isso, a preocupação do empresariado local é conservar os postos de trabalho.

O Conselho de Moda e o Sindvest registraram o problema de êxodo de mão de obra um mês após a tragédia que abalou a economia local. As demissões voluntárias ocorreram em função da catástrofe. Muitos dos funcionários das fábricas que funcionavam nos bairros atingidos pelas enxurradas perderam tudo. ;Isso gerou um desânimo geral nas pessoas. Às vezes, não era a funcionária que desejava ir embora, mas o marido. E ele acabava arrastando a mulher também;.

Agora, a situação já estabilizou e as confecções estão fazendo novas contratações. ;De certa forma, a vida tem que continuar e o trabalho também;. Cerca de 160 micro, pequenas e médias confecções são filiadas ao Sindvest.

Em janeiro, as vendas foram quase nulas no município. Em fevereiro, houve uma ligeira melhora mas, em março, o movimento foi prejudicado pelo carnaval, como costuma ocorrer nessa data. Nelci estimou que a retração nas vendas de todo o polo de moda de Nova Friburgo chegou a 60% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A feira do vestuário da cidade tem apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além do Banco do Brasil. Antes da tragédia, o polo de Nova Friburgo respondia por 25% do mercado brasileiro de moda íntima.