Jornal Correio Braziliense

Brasil

Empresário é preso em Belo Horizonte por falsificar medicamentos

Cinco pessoas morreram vítimas de medicamentos falsos da Hipolabor. O presidente da empresa foi detido em seu apartamento triplex

Depois de quase um ano de investigação, o presidente de uma indústria do setor farmacêutico e a empresa dele foram alvos de uma operação na manhã desta terça-feira. Agentes do Ministério Público de Minas Gerais, Polícia Militar, Receita Estadual, Polícia Civil e Ministério da Justiça foram cumprir mandados na casa do presidente da Hipolabor, na Rua Tomaz Gonzaga, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ildeu de Oliveira Magalhães foi preso em seu apartamento triplex, avaliado em R$ 6 milhões.

Por volta de 9h20 o empresário saiu do local numa viatura da Polícia Civil. No imóvel de luxo foram apreendidos 112 mil euros e 30 mil dólares em notas. Agentes da Receita recolheram também um revólver e comprovantes de contas no exterior.

De acordo com o promotor de Sabará, Christiano Leonardo Gonzaga Gomes, as investigações contra a Hipolabor começaram depois que cinco pessoas morreram ao tomar remédios fabricados pela indústria. Quatro vítimas eram de Sabará e outra do estado do Espírito Santo. Segundo o promotor, a investigação concluiu que a empresa fabricava medicamentos falsificados e adulterados. No caso dos produtos falsos a composição era toda irregular e no casos dos adulterados, apenas parte da fórmula era inadequada.

A operação denominada Panaceia acontece em outros cinco pontos de Belo Horizonte e Região Metropolitana, locais onde funcionam as fábricas da indústria e na casa de outro investigado. Renato Alves da Silva é o químico responsável pelos medicamentos. Ele é morador do Bairro Belvedere e também foi preso nesta manhã. O químico e o presidente da empresa foram encaminhados ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) Gameleira.

As buscas e apreensões nas fábricas da Hipolabor vão continuar durante esta semana, pois, segundo o promotor Christiano Leonardo, as fábricas são grandes e será feito um ;raio x; nas indústrias em busca de medicamentos e fórmulas irregulares. A Hipolabor está no mercado desde 1984 e fabrica produtos injetáveis, líquidos, sólidos e semi-sólidos.

Fraudes

Além da Hipolabor, outas duas empresas que pertencem ao grupo da indústria são alvo da Operação Panaceia. As investigações contra o grupo queriam desvendar a existência de uma organização criminosa voltada para a prática de crimes de sonegação fiscal, formação de cartel, fraude à licitação, entre outros. O grupo econômico investigado participa de licitações por intermédio dessas três empresas, muitas vezes de forma simultânea. Esse fato levantou a suspeita de fraude em algumas das concorrências vencidas.

Em relação a um medicamento de uma das empresas, foi apurado que o preço da venda no atacado é de R$ 6,00, e no varejo o preço médio é de R$ 130,00. Essa diferença seria um indício de subfaturamento de grandes proporções, pois a tributação se dá sobre o preço original de venda.