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Psicólogos darão tratamento aos sobreviventes do massacre em Realengo

O trauma gerado pelo massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira mobilizou cerca de 600 psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros ; metade deles voluntários ; para aliviar a dor dos envolvidos no massacre. E o trabalho só está começando. A atenção, de início, está voltada aos familiares das 12 crianças mortas e aos alunos que presenciaram os momentos de horror, mas professores e funcionários da instituição de ensino também vão receber acompanhamento psicológco.Enquanto isso, a escola se prepara para retomar as aulas na próxima sexta-feira.

A Secretaria Municipal de Assistência Social pretende atender a 300 famílias por dia. Muitas delas já haviam pedido o acompanhamento e foram cadastradas no dia seguinte à barbárie. Mesmo aquelas que não procuraram a secretaria receberão a visita da equipe. O tempo de atendimento em cada residência varia de acordo com o estado emocional da criança e seus pais.

[SAIBAMAIS]De acordo com a secretaria municipal, o quadro que mais se repete entre os envolvidos na tragédia é de sono agitado e diarreia. Há casos de depressão entre os parentes dos mortos. ;O cenário é desolador, os corações estão despedaçados;, disse uma integrante da equipe, que preferiu não se identificar. ;As famílas, porém, estão receptivas e demonstram confiança no nosso trabalho. Elas sabem que temos como ajudá-las.;

Cerimônia
Em visita ao colégio ontem para colocar flores em homenagem às 12 vítimas de Wellington Menezes de Oliveira, a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, afirmou que a escola será reformada a partir de hoje. Além da limpeza das salas para remover o sangue que ainda permanece no chão, outras novidades esperam os alunos, como forma de motivá-los a voltar para o colégio.

Segundo Costin, a primeira atividade será uma ;cerimônia de reinvenção da escola;, que reunirá alunos, parentes, professores e funcionários. As crianças vão montar um mosaico nos muros, escolher as novas cores da pintura e o melhor lugar para instalar um aquário. ;Não há nada mais sagrado do que ser escola. Por isso, nós vamos transformar todo o colégio, pois é muito importante para a criança que passou por um estresse desses poder retornar ao ambiente onde sempre foi feliz. Essa escola vai ser uma Fênix, pois vai ressurgir das cinzas;, prometeu a secretária.

Dez crianças continuam internadas, três em estado grave. Dessas, contudo, duas apresentaram melhoras, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde: Taiane Tavares Pereira, de 13 anos, que levou tiros no abdômen e na coluna e não sente as pernas, já respira espontaneamente, sem a ajuda de aparelhos; Edson Claiton Alves de Aguiar, de 15, permanece sedado, respira com a ajuda de aparelhos, mas apresenta estado despertável e acorda quando é chamado. O menino foi baleado no abdômen e na mão. (PS)


Melhorias
A secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, disse que todos os esforços serão feitos para manter as crianças na mesma escola e prometeu analisar casos excepcionais de rejeição. Ela não descartou a possibilidade de transferência para os mais traumatizados.Na próxima quarta-feira, as escolas da rede municipal vão parar por duas horas para discutir "melhorias gerais na rede após o episódio". As instituições de ensino vão enviar um documento com sugestões de melhorias ao órgão da prefeitura do Rio de Janeiro.