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Confirmada segunda morte em decorrência de febre maculosa em Minas Gerais

Daniel Silveira

A cidade de Araxá, no Triângulo Mineiro, está em alerta por causa da ameaça da febre maculosa. Nesta semana foi confirmado que a doença levou à morte uma mulher de 21 anos, moradora da cidade. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, neste ano há 16 casos notificados da doença e três confirmados em todo o estado. Esta foi a segunda morte confirmada. A primeira foi registrada em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O outro caso confirmado da doença que não levou à morte ocorreu em Ipatinga, no Vale do Aço (MG).

De acordo com a técnica em epidemiologia da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Uberaba, Márcia Maria de Souza, a confirmação da doença se deu por exames laboratoriais. ;Quando temos uma doença como esta sob suspeita, podemos adotar dois critérios para pesquisa. Um deles considera o aspecto clínico e epidemiológico do caso em estudo. O outro critério é laboratorial e não deixa margem para dúvidas;, afirma.

Segundo Márcia, a vítima começou a sentir-se mal no dia 1; de fevereiro e morreu no dia 20. Inicialmente ela foi internada em um hospital de Araxá e, em seguida, transferida para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba. ;É uma doença aguda, que se desenvolve rapidamente. Mas é importantes esclarecer que nem toda pessoa que a contrai evolui para a morte;, esclarece.

A causa da morte da menina foi investigada por Márcia e outro técnico em epidemiologia, José Maria de Sales. Ela é especialista hantavirose e ele em febre maculosa. Segundo Márcia, a primeira suspeita era de que a vítima tivesse sido acometida por hantavirose. ;São duas doenças muito diferentes. A hantavirose é transmitida por um vírus e o vetor é um rato. Já a febre maculosa é causada por bactérias presentes em um carrapato. Já os sintomas são muito semelhantes: febre alta e muita dor no corpo;, explica.

Após confirmado o caso, a equipe da GRS de Uberaba foi para Araxá comunicar a situação para as autoridades de saúde do município. ;Neste caso o contato não é telefônico. Fomos pessoalmente para alertar e instruir todo o corpo clínico da cidade;, afirma Márcia. Ela destaca que o próximo passo é identificar onde pode haver um foco do carrapato transmissor da doença no município, o que ficará a cargo da equipe de zoonoses de Araxá. ;A cidade agora precisa estar em alerta;, garante.

Sintomas

De acordo com a Secretaria de Saúde, o indivíduo infectado pode apresentar febre alta, dor de cabeça, dor muscular intensa, náuseas, vômitos, dor de garganta, dor abdominal, mal-estar generalizado. Na fase mais avançada da doença podem surgir: exantema, petéquias, confusão mental, alterações psicomotoras, icterícia, convulsões, coma, necrose em extremidades e óbito.

Medidas para prevenção, destinadas a população:

- Conhecer o ciclo sazonal do carrapato, como forma preventiva e educativa;

- Adotar barreiras físicas quando for se expor a áreas com circulação de carrapatos, através do uso de roupas claras e de mangas compridas;

- Examinar o corpo a cada três horas para verificar a presença de carrapatos ; é necessária a adesão por um período de 4 a 6 horas do carrapato a pele para ocorrer a transmissão;

- Retirar os carrapatos com o auxílio de uma pinça e evitar o esmagamento com a unha para não entrar em contato com a bactéria, caso o mesmo esteja infectado;

- Limpeza e capina de lotes para evitar a poliferação de carrapatos.