Jornal Correio Braziliense

Brasil

Segundo Ipea, quase 50% dos brasileiros consideram que o ensino melhorou

Os mais satisfeitos moram na área central do país

Quando alvo de rankings mundiais, a educação brasileira costuma ocupar posição pouco nobre ; no último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de 2009, o Brasil ocupou o 53; lugar em um universo de 65 nações. Se a referência é local, o destaque se inverte. Na mesma avaliação, ao serem analisados os resultados de provas de leitura, matemática e ciência, o país foi o terceiro que mais avançou em 10 anos. Essa melhoria da educação pública tem saído das estatísticas e começado a ser percebida pela população. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 48,7% dos brasileiros acreditam que a educação melhorou. Outros 27,2% consideram que as condições não mudaram e, para 24,2%, pioraram.

Apesar da percepção geral positiva sobre a educação pública, as diferenças encontradas país afora também se revelam no estudo. Os entrevistados mais satisfeitos da pesquisa são da Região Centro-Oeste, onde 62,9% afirmaram que a educação melhorou. A região é seguida pelo Nordeste (56,2%) e Norte (54,3%). Já nas regiões Sul e Sudeste, as avaliações foram mais pessimistas. No Sudeste, apenas 40% dos entrevistados percebem melhorias, enquanto 36,1% indicaram que a educação pública teria piorado (veja arte). ;A percepção é resultado das políticas do governo, que começaram a focar nos estados e nas regiões mais necessitadas;, defendeu o consultor em educação do Ipea Paulo Corbucci.

O instituto justifica, na pesquisa, que a diferença nas percepções ;é corroborada, em parte, pelos números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que apontam as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte como as que mais tiveram evolução positiva na educação. Talvez, por partirem de um patamar mais baixo;. O Ideb mede a aprovação e o desempenho de estudantes em língua portuguesa e matemática. De 2005 a 2009, a evolução do índice nos primeiros anos do ensino fundamental foi de 26% no Centro-Oeste e 19% no Sudeste.

Apesar do otimismo, as regiões ainda apresentam grandes diferenças educacionais entre elas: no Nordeste, as pessoas com 15 anos ou mais de idade têm em média de 6,3 anos de estudo. Já no Sudeste, esse valor sobe para 8,2 ; a média nacional, apontada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), é 7,5. ;Quem tem menos condições ou quem não tem acha bom o que vier. A qualidade vem em segundo lugar. No Sudeste, as estruturas já existem. Eles não sentem como sente a cidade de Petrolina, que recebe a educação e tudo muda. Os restaurantes, os aluguéis. Isso pode ter influenciado nessa resposta;, afirma a economista e especialista em desenvolvimento regional Tânia Bacelar.