Começou nesta quarta-feira (23), em Rondônia, o julgamento dos três últimos acusados pelas mortes de 27 presos, ocorridas em janeiro de 2002, após rebelião frustrada na Casa de Detenção José Mário Alves, conhecida como Urso Branco. Os ex-diretores do presídio estão sendo julgados pelo 2; Tribunal do Júri de Porto Velho.
O julgamento do ex-gerente do sistema penitenciário de Rondônia, Rogélio Pinheiro Lucena ocorre hoje. Segundo denúncia do Ministério Público, o ex-gerente do sistema penitenciário, juntamente com Weber Jordano Silva, então diretor-geral da unidade, determinou a transferência de presos para o pavilhão do Urso Branco, onde as vítimas foram mortas.
O Ministério Público de Rondônia pediu a condenação de Lucena por homicídio simples (27 vezes), devido à "omissão penalmente relevante". Os membros do Ministério Público fundamentaram a acusação com provas periciais, relatos de testemunhas, documentos oficiais, vídeos e fotografias.
Além de Rogélio, irá a julgamento, amanhã, o ex-diretor de segurança do presídio, Edilson Pereira da Costa; e, no dia 25, o ex-diretor geral da penitenciária, Weber Jordano Silva.
No último dia 21, o ex-preso José Raimundo Tavares da Costa, conhecido como Zé Galinha, que participou da chacina, foi condenado a 432 anos de prisão. No entanto, ele ainda está foragido e pode recorrer da decisão. O conselho de sentença, formado por sete jurados, afirmou que as vítimas foram golpeadas por facas artesanais dentro do presídio.
Os primeiros julgamentos ocorreram em maio do ano passado, quando 19 acusados pela chacina foram julgados e 16 condenados a mais de 370 anos de reclusão.
A chacina de Urso Branco é considerada a segunda maior já registrada em presídios do país, só superada pela do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram mortos em São Paulo. Uma comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos, acompanha, até a próxima sexta-feira (25), o julgamento dos acusados.