A embaixadora-geral para Assuntos Globais da Mulher dos Estados Unidos, Melanne Verveer, encerrou sua viagem de três dias ao Brasil visitando a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na capital federal, uma das primeiras a serem criadas no país (1987). Verveer que conhece o país há 15 anos e também esteve em Recife, na última quinta-feira (17) elogiou os programas de transferência de renda do governo federal, como o Programa Bolsa Família, e as iniciativas para a inclusão da mulher.
;Existe um grande compromisso do governo brasileiro. Um desafio que compartilhamos;, comentou a embaixadora antes de se referir à Dilma Rousseff. ;Eu me identifique com as palavras da presidenta que disse que quando melhoram as condições das mulheres, melhoram as condições da sociedade;. Segundo a embaixadora, há ;comprometimento; de lideranças políticas e espírito de inovação no Brasil. A Deam que visitou, em sua opinião, ;seria não só um modelo para o país, mas também para o mundo;.
Apesar dos elogios, a delegada-chefe da Deam, Mônica Ferreira, fez questão de esclarecer à embaixadora de que ainda há dificuldades para as mulheres serem protegidas no Brasil. Segundo ela, muitas vítimas de violência não conseguem assistência de advogados; e ainda há homens e mulheres que não conhecem a Lei Maria da Penha, que há quase cinco anos criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O problema do desconhecimento da lei é associável a dois outros fenômenos verificados desde a sua sanção, e lembrados pela delegada ao conversar com a embaixadora Verveer: casos de mulheres que não conseguem registrar a ocorrência em delegacias não especializadas e decisões da Justiça que contrariam a lei.
;Se não insistirmos nisso poderemos perder;, afirmou a delegada à embaixadora antes de detalhar aos jornalistas que acompanhavam a visita que espera maior atuação em favor da lei pelos ;operadores do direito; [delgados, promotores, defensores públicos, juízes] e a compreensão de que a aplicação da lei tem que ser ;firme;. Em sua opinião, ;a lei é dura porque precisa ser dura;, disse ao condenar o ;atraso cultural; que naturaliza a agressão contra as mulheres. ;Isso não pode acontecer mais;, disse.
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher funciona na entrequadra 204 e 205 sul, na Asa Sul O atendimento é feito pelo telefone (61) 3442.4300. Também a Central de Atendimento à Mulher, ligada à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, recebe denúncias de agressões contra as mulheres pelo número 180. A Deam funciona 24 horas todos os dias da semana, com cerca de 60 policiais em esquema de plantão.