Ed Wanderley
Piadas ou expressões claras, e ilegais, de xenofobia? Infelizmente, em mais um episódio de dificuldades no Nordeste, o separatismo ainda presente na mente de algumas pessoas encontra espaço nas redes sociais, gerando incômodo e revolta. Entre os assuntos mais comentados da rede mundial de microblogs, o twitter, a expressão ;#apagao; continua em discussão, agora, por conta de comentários preconceituosos de alguns usuários.
O início da ;brincadeira; foi simples, com a sacada ;Disseram ao estagiário da Chesf: ;o último a sair apaga a luz;;. Em seguida, o usuário Pedro Felipe Teles, da cidade de Bela Vista, em Goiás (@pfteles) postou: ;Nordeste está sofrendo com #apagao, como assim? Lá já existia energia?;.
A frase não apenas incitou respostas em revolta, mas também piadas mal interpretadas e mais demonstrações de xenofobia. De um lado, Leandro Cavinato (@lecavinatto) brincava dizendo que ;Certamente o #apagao de ontem no Nordeste foi porque Deus, cansado de ouvir axé, tirou o Estado da tomada;, de outro, um usuário, identificado apenas pelo avatar @oseparatista, do Rio Grande do Sul, reforçava ;Apagão no Nordeste? Aproveita e some! Vai pedir Bolsa-energia agora, é só o que falta;, postou.
A ação causou mais do que desconforto para usuárias como Rebecca Cirino (@rebeccacirino), que lembrou do recente episódio da estudante de direito Mayara Petruso, processada por demonstrações de preconceito contra os nordestinos durante o episódio das enchentes que atingiram Pernambuco e Alagoas, em junho do ano passado. ;Alô Ministério Público, tem mais um imbecil aqui!” postou, denunciando um dos abusos.
O ressentimento foi ainda maior entre aqueles que começaram a respostar uma das frases que mais ganharam força nesta manhã, durante o episódio: ;Pros que estão falando M... do NE. Nas próximas enchentes (no RJ), nós ainda lembraremos de vocês. Não se preocupem;. O protesto de um dos usuários, Marcos Túlio Athayde (@mtathayde), acabou ganhando força e representa a lamentação de usuários quanto à ignorância de um grupo que ainda não compreendeu que respeito aos outros (e às leis) é desejável e exigível em todas as regiões do país.