Nova Friburgo (RJ) - Próximos ao rastro de destruição deixado pelas fortes chuvas que atingiram a região serrana fluminense há 12 dias, Lumiar e São Pedro da Serra, distritos de Nova Friburgo, não contabilizam mortes, nem viram suas ruas serem inundadas ou invadidas por terra e lama que deslizaram dos morros. Diante dessa condição, empresários locais tentam promover o turismo solidário como forma de ajudar a reconstruir o município, já que outros setores, como o polo de confecção da cidade, devem demorar a recuperar os prejuízos.
Carlos Gaeta, dono de uma pousada em São Pedro da Serra, garante que a estrutura de turismo dos distritos não foi alterada. No local, apesar das ruas vazias, as cerca de 50 pousadas, além das dezenas de restaurantes, estão abertos.
;A nossa região não foi afetada pela chuva e essa é a hora de ajudarmos Nova Friburgo a se levantar. Com o incentivo ao turismo, podemos fazer a economia local se movimentar. A gente gera empregos e renda, pagamos nossos impostos e compramos nossas mercadorias em Friburgo. Com isso, colocamos nosso dinheiro para girar na cidade;, afirmou ele, que constatou uma queda de 90% na procura por hospedagem após a tragédia.
A moradora de Conselheiro Paulino, um dos bairros mais destruídos pelas chuvas em Nova Friburgo, Maria da Conceição da Silva, começou a trabalhar hoje (23) na recepção de uma pousada em São Pedro da Serra. Ainda traumatizada com tudo o que viu à sua volta, ela disse ter esperança de contribuir para a recuperação da região.
;Esse emprego é a prova de que o turismo em áreas não atingidas pode nos ajudar. Eu já estava pensando em sair daqui. Meu bairro ficou arrasado e eu perdi tudo;, lamentou.
Lumiar e São Pedro da Serra oferecem aos visitantes uma beleza natural típica do ecoturismo. No local, é possível apreciar rios e cachoeiras cercados pela Mata Atlântica. A região também atrai praticantes de esportes radicais, como canoagem, rapel, montanhismo e caminhadas ecológicas.
O acesso aos dois distritos está liberado. O trecho da RJ-142 entre Lumiar e a BR-101, na altura de Casimiro de Abreu, não sofreu nenhuma queda de barreira. O segundo trecho da estrada, entre Lumiar e a RJ-116, na altura do distrito de Mury, por onde também se chega ao centro de Nova Friburgo, ficou prejudicado porque parte do asfalto cedeu, mas o trânsito seguiu em meia pista e as condições já foram restabelecidas.
Como dependem das subestações de energia e torres de celulares do centro de Nova Friburgo, os distritos também tiveram interrupção nos serviços logo após a tragédia, mas o fornecimento de luz e a telefonia fixa e móvel já estão em funcionamento.