Rio de Janeiro- Marco da arquitetura moderna, o Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, no bairro de Benfica, na zona norte da cidade, passará por reformas de R$ 10,5 milhões. Criado com a ideia de integrar moradia a escolas, posto de saúde e áreas de convivência comuns, o prédio principal, de 272 apartamentos está em precário estado de conservação.
Um dos moradores do conjunto, o estudante Daniel Prado de Oliveira, de 25 anos, de uma das famílias mais antigas do local, disse que o prédio principal tem problemas graves na estrutura que prejudicam as instalações. "Precisamos de reforma na parte de saneamento, água, nos pilares, nos telhado e em várias coisas que estão colocando o prédio em risco".
O Pedregulho foi projetado para a moradia de funcionários de menor poder aquisitivo da então prefeitura do Distrito Federal, na época em que o Rio era a capital do país. Com o tempo, os antigos donos venderam seus imóveis, que hoje são ocupados por famílias pobres que não pagam o condomínio e não têm a escritura dos aparatamentos.
A Secretaria Estadual de Habitação fez um levantamento da situação e deve começar um projeto de regularização assim que resolver com a União o problema da posse do terreno. Paralelamente, como o prédio é símbolo da arquitetura moderna no Rio, fará uma reforma, dividida em duas etapas.
Na primeira parte, investirá na reforma do telhado, pisos, serviços de alvenaria, revestimento de paredes, escadarias de acesso, instalações elétricas e hidráulicas, por exemplo. Na segunda etapa, sem data prevista para começar, vai reformar os azulejos, os painéis de Portinari e Burle Marx, além das faixadas e áreas comuns, em parceria com a iniciativa privada.
Para o morador Daniel Prado, a medida favorece à organização do condomínio, que pretende cobrar uma taxa para administrar o prédio e fazer, no futuro, os próximos reparos. "Não temos como cobrar condomínio. No máximo, não recolhemos o lixou ou deixamos de fazer a limpeza em frente ao apartamento. Com a regularização da posse, será mais fácil".
Projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, na década de 1940, com paisagismo de Burle Marx, fazem parte do conjunto popular três prédios instalados no Morro do Pedregulho. Uma escola da prefeitura para 200 alunos também funciona no local, com ginásio de esportes e piscina olímpica. Um posto de saúde existia no local, mas foi fechado.
Pensado para facilitar a vida das famílias e ampliar os espaços de convivência e lazer, o Pedregulho também contava com uma lavanderia coletiva, que está desativada, por falta de manutenção.
Devido sua importância para arquitetura, o conjunto está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).