Aqueles que decidiram viajar na véspera do Natal enfrentaram menos dificuldades para embarcar do que os passageiros que enfrentaram o caos aéreo ao longo da semana. Ainda assim, o medo de atrasos levou os usuários a chegarem mais cedo aos aeroportos brasileiros. João Batista, 75 anos, e a mulher, Leni Barros Coutinho, 65, viajaram de Brasília ao Rio de Janeiro ontem, e chegaram ao Aeroporto Juscelino Kubitschek com duas horas de antecedência. ;Pensei que estaria pior, mas parece que tudo está sob controle;, observou o aposentado. A arquiteta Mariana Lombardi, 31, também não enfrentou problemas. Ela chegou com uma hora e meia de antecedência e esperou apenas vinte minutos para entrar na sala de embarque.
A estudante Hellen Bulhões, 20 anos, e o advogado Hélio Roberto da Silva, 26, também aguardaram cerca de 20 minutos para despachar as malas. ;Nos últimos dias, o brasileiro sofreu com a falta de estrutura dos aeroportos, mas agora parece que as coisas entraram nos eixos;, comentou Silva. Com o voo marcado para as 11h54, ele e a mulher chegaram duas horas mais cedo para o check-in. O advogado Michel da Silva, 28, viajou de Mato Grosso a Salvador (BA), com conexão em Brasília, e, ao lado da namorada, Daiana da Silva, 28, levaram apenas cinco minutos para entrar na sala de embarque. ;Nosso voo já foi confirmado;, comemorou a estudante.
Apesar da melhoria do fluxo de passageiros, os aeroportos brasileiros ainda apresentavam problemas na manhã de ontem. O índice de atrasos chegou a 18,3% entre a 0h e às 11h. Das 984 decolagens domésticas programadas no país, 180 ocorreram mais de 30 minutos depois do previsto. Outras 41 (4,2% do total) foram canceladas. No Aeroporto de Guarulhos (SP), a situação foi pior do que na média nacional: dos 79 voos programados, 30,4% registraram atraso. No Galeão (RJ), das 49 partidas planejadas, 22,4% saíram depois do previsto. Em Brasília, 21,1% das 71 decolagens previstas atrasaram. Já em Congonhas (SP), o índice foi de 7,9%.
Entre as companhias, a TAM, mais uma vez, foi a recordista no desrespeito aos passageiros, com 28,3%, de um total de 325 decolagens, realizadas fora do horário previsto. A Webjet teve 20,8% dos voos atrasados e a Gol, 19,1%. Na Azul, a taxa foi de 2,4%. A Avianca apresentou regularidade em todas as 36 viagens programadas.
Cinco horas
O agricultor Roni Ewert, 35 anos, viajou da Bahia a Brasília de carro para voar até Curitiba (PR). A decolagem estava prevista para as 11h, mas, por um problema na emissão do bilhete, ele, a mulher e os três filhos só conseguiram remarcar o voo para as 18h. ;Foi uma falha na agência de turismo, mas já está resolvido. Mesmo assim, recebemos toda a assistência. A empresa prometeu nos reembolsar;, explicou o agricultor.
O juizado especial do aeroporto recebeu, pela manhã, apenas quatro reclamações sobre atrasos de voos ; na quinta feira, foram 30. O recorde de reivindicações foi registrado nesta quarta-feira, com 40.
Natal no saguão
Depois de uma breve trégua, a neve voltou a cair na Europa e a causar novos transtornos nos principais aeroportos do continente. Em Paris, o governo determinou o cancelamento de pelo menos 50% dos voos de todas as companhias aéreas que operam no aeroporto Charles de Gaulle, o principal da França. A neve tinha diminuído na quinta-feira, mas os serviços meteorológicos indicavam novas nevascas no fim de semana. Um dos problemas agora é a falta de produtos para derreter o gelo que impede o congelamento de aviões, um dos motivos do fechamento das pistas por toda a Europa.
A Direção de Aviação Civil da França explicou que os cancelamentos e outros problemas estão ocorrendo devido ao descongelamento mais lento e difícil em razão da neve muito pegajosa e pesada. A Defesa Civil do país passou a distribuir colchonetes aos passageiros que estão nos aeroportos, um indicativo de que os problemas podem aumentar no decorrer do fim de semana. Dezenas de pessoas devem passar o Natal nos saguões, enquanto não houver autorização para decolagens.