Rio de Janeiro - Policiais militares das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas em comunidades no Rio de Janeiro também farão a mediação de conflitos entre os moradores. O primeiro Centro de Mediação de Conflitos, que vai funcionar no Morro da Formiga, na Tijuca, zona norte do Rio, foi inaugurado hoje (16). A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação, assinado no último dia 7, entre o Tribunal da Justiça e a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. A primeira turma do curso realizado pelo Tribunal da Justiça do Rio conta com 30 policiais.
De acordo com o comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, a ideia é expandir o projeto para todas as unidades a fim de antecipar uma eventual ida aos tribunais por causa de pequenos conflitos. Ele informou que o Morro da Formiga foi escolhido para ser o primeiro a receber o projeto por uma questão de facilidade logística.
;A ideia é que o policial tenha também novos conhecimentos para que ele possa mediar determinadas situações que, porventura, se não houvesse uma intervenção técnica capacitada, poderia resultar em mais um processo para a Justiça;, afirmou.
O comandante explicou que no momento em que a polícia ocupa essas favelas, que viveram muito tempo "sob a égide do poder paralelo", os conflitos, normais nas sociedades democráticas, emergem.
;Foi uma necessidade, que surgiu após a observação atenta dos nossos policiais e comandantes locais. São números que nos chamaram a atenção, que indicam uma nova realidade, a mudança de uma dinâmica social nesses locais. Geralmente é alguma disputa entre vizinhos, são demandas com relação à família, problemas de convivência no espaço público. Então é substituir os mecanismos violentos de resolução de conflitos por mecanismos de paz;, disse.
A expectativa do projeto é chegar a uma convivência pacífica e formal entre os moradores das comunidades. As ocorrências estão sendo computadas pelos comandos da UPPs e serão divulgadas em breve. De acordo com a responsável pela UPP do Morro da Formiga, capitã Carvalhaes, desde a ocupação, no dia 1; de julho, foram registrados cerca de cinco conflitos.
Segundo a diretora da Associação de Moradores da Comunidade da Formiga, Rosane Soares, a UPP está sendo muito boa para os moradores e a associação é parceira do projeto. Ela acredita que a instalação do centro de mediação vai reduzir o número de tarefas da associação e deixar a instituição mais livre para as questões mais sociais.
;Realmente é um bom projeto para a nossa comunidade, as pessoas não sabem nem os seus direitos, são muitas dificuldades. É briga de vizinho, questões de família, que acontecem e até vêm parar aqui na associação para a gente resolver. Então a gente acaba não fazendo o nosso trabalho que é o social para atender esses pequenos conflitos;, destacou.