Brasília ; Pesquisa feita pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e divulgada nesta quarta-feira (8), em Brasília, pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização não governamental (ONG) Observatório de Favelas mostra que seis de cada sete assassinatos de adolescentes no Brasil é causado por arma de fogo (revolver, pistola, espingarda, fuzil, metralhadora).
Conforme a pesquisa, 2,67 adolescentes morrem por ano a cada grupo de mil jovens em 266 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A posse de arma entre adolescentes é ilegal e a maioria das mortes ocorre por meio de armas roubadas ou contrabandeadas. Cabe às Forças Armadas e à Polícia Federal fazer o controle de entrada de armas no Brasil e às policias estaduais verificar a circulação.
;É fundamental que haja uma política consistente de desarmamento no Brasil;, disse Raquel Willadino, da ONG Observatório de Favelas, ao lamentar que ;parte dos agentes dessas forças estão conectados com circuitos que facilitam a entrada de armamentos no país;.
Para a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Silveira de Oliveira, ;é preciso que esse controle de armas seja feito;, disse ao lembrar que ;o grande papel das Forças Armadas é está no controle das fronteiras e não propriamente na ocupação das favelas urbanas;.
Na opinião de Casimira Benge, chefe do Programa de Proteção da Criança à Violência do Unicef, as políticas de segurança pública devem estar articuladas às políticas sociais. Ela avalia que no caso da América Latina e do Caribe a morte violenta de adolescentes tem ;proporção epidêmica; e pode comprometer ganhos na redução da mortalidade infantil.
Ela ressalta que a morte violenta na região ;tem cor, nível social e idade;, fazendo referência aos adolescentes negros, pobres e moradores da periferia. Para a representante do Unicef, o problema é a desigualdade social que afeta a renda, acesso a serviços de atendimento e à moradia.
A pesquisa do Laboratório de Análise da Violência da Uerj aponta que programas de aumento de renda, como o Bolsa Família, e a melhoria da qualidade da educação repercutem na diminuição da violência e nas mortes precoces.
O consultor da pesquisa, Ignácio Cano, enfatizou que os municípios com os melhores índices de educação básica (Ideb) têm menor incidência de mortes violentas de adolescentes. ;Esses sistemas educacionais protegem mais;, disse.