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RJ: Rumores de caminhão com dinamite assustaram moradores e autoridades

Depois de 24 horas de tensão ; entre domingo e segunda-feira ;, quando houve uma onda de arrastões na capital fluminense e bandidos atearam fogos aos carros, o Rio voltou a viver um dia de ataques e nervosismo ontem. Durante a madrugada, mais quatro carros acabaram incendiados e pelo menos uma cabine de polícia foi metralhada. Pela manhã, em meio à violência, a polícia tomou as ruas da cidade. Com ela, um rumor a respeito de um caminhão carregando 600kg de explosivos em algum lugar da capital provocou princípio de pânico entre os moradores.

No mesmo momento, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) transferiu parte de seus agentes de outros estados para atuar em áreas críticas do Rio de Janeiro. A informação a respeito da existência do caminhão com dinamite acabou desmentida pelo secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, mas a transferência de efetivos da PRF segue no dia de hoje. O objetivo é agir nos locais onde, desde a semana passada, estão ocorrendo arrastões e ataques criminosos contra carros.

O pedido foi feito pelo governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que determinou o aumento de 200% no efetivo. O governo fluminense também vai transferir oito presos para penitenciárias de segurança máxima, já que as ordens para os ataques teriam sido dadas de presídios locais. Ontem, policiais civis e militares realizaram uma megaoperação em várias regiões da cidade, e desde a segunda-feira prenderam 11 pessoas , sendo oito acusadas de liderarem os ataques. Quatro pessoas, suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas, morreram em confronto com as forças de segurança.

No exterior
O ministro da Justiça mandou o próprio diretor da PRF, Hélio Cardoso Derene, para o Rio. Barreto determinou o cancelamento das folgas dos patrulheiros e a União vai pagar horas extras aos policiais que atuarem fora de seus horários de trabalho. ;Colocamos à disposição do governo do Rio de Janeiro não só a Polícia Rodoviária Federal, que dará segurança nos pontos críticos das estradas daquele estado, mas também o sistema prisional federal para que sejam transferidos presos que estejam dentro do perfil da clientela do nosso sistema de segurança máxima;, afirmou Barreto.

O ministro ressaltou que outras forças também estarão à disposição do governador Sérgio Cabral, como a PF e a Força Nacional. ;Somos parceiros do governo do Rio de Janeiro no projeto de pacificação das favelas, pela via da segurança preventiva, e, num momento como este, temos que estar ainda mais unidos;, disse o ministro. Segundo a Polícia Militar, os ataques sofridos no Rio de Janeiro nos últimos dias podem ter sido ordenados de dentro de presídios, como resposta à retirada de detentos para fora da cidade.

À noite, o Tribunal de Justiça do Rio autorizou a remoção dos presos de alta periculosidade para as penitenciárias de segurança máxima da União, mas a Justiça Federal ainda não havia avalizado a operação. O número pode subir para 13, segundo a Secretaria de Segurança do estado. Nas unidades federais estão pelo menos 25 criminosos fluminenses, entre eles Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar; Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco; Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP; Cláudio José Fontarigo, o Claudinho da Mineira, e Leandro Paixão Viegas, o Leandro Quebra Ossos.

Duas facções criminosas podem ter se unido para organizar os confrontos, conforme informação de inteligência recebida pela secretaria de Segurança Pública. Ontem, Beltrame voltou a afirmar que os ataques são uma resposta dos criminosos às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), mas ressaltou que haverá reação: ;Quanto mais provocarem as nossas propostas, mais forças terão as nossas ações;.

O discurso, porém, não evitou a imprensa internacional de noticiar, com destaque, a violência no Rio. Nos Estados Unidos, Washington Post, Los Angeles Times e Miami Herald reproduziram informações da agência Associated Press (AP). Os ataques também ocuparam as páginas na internet de veículos como El País (Espanha) e Guardian (Inglaterra). A capital fluminense não só será sede das Olimpíadas de 2016 como também vai abrigar a final da Copa do Mundo em 2014.

Sem aula
Como forma de represália, ao longo do dia, cerca de 450 policiais ; 300 militares e 150 civis ; realizaram operações simultâneas nas comunidades Mandela I, II e III, Varginha, Nova Holanda, Arará, Parque União, Jacarezinho, Cutia, Encontro, Tuiuti, Barreira do Vasco, Vila Joaniza, Barbante, Fallet e Fogueteiro. O comandante geral da PM, coronel Mario Sérgio de Brito Duarte, desencadeou a Operação Fecha Quartel, que vai colocar nas ruas, cerca de 1.200 soldados que estavam em serviço burocrático. Todos irão reforçar o policiamento ostensivo, a fim de aumentar a presença policial nas ruas. Ontem, 300 novas motos foram colocadas no patrulhamento da região metropolitana.

As operações realizadas desde a segunda-feira deixaram pelo menos 7,3 mil estudantes sem aulas nas escolas municipais próximas aos locais onde a policia esteve presente. Ontem, dois carros da Polícia Militar foram alvejados por criminosos no bairro da Penha, mas não houve vítimas.