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Pernambuco:Criança morre em escola após ser atingida por coluna de madeira

Maria Vitória Andrade Inácio, de apenas quatro anos, não via a hora de fazer o que mais gostava: voltar ao colégio na manhã de ontem depois do fim de semana, segundo seus familiares. A menina estudava na Escola Internacional de Aldeia (EIA), no Km 7, na Estrada de Aldeia, em Camaragibe, há dois anos. Tempo suficiente para colecionar vários amigos. Ontem, uma tragédia chocou pais, alunos e professores. Vitória, que estudava no turno da manhã, estava assistindo aula de recreação na área externa da EIA quando foi atingida no tórax por uma das oito colunas de madeira, com mais de cinco metros, que sustentam o telhado do prédio do ensino infantil. O impacto foi tão forte que esmagou vários órgãos da garota, entre eles fígado, baço e intestino. Ela já chegou sem vida ao Hospital Santa Terezinha, na Avenida Caxangá.

Minutos após a coluna atingir a menina, a madeira foi retirada do local, antes mesmo da chegada da polícia, e levada até a casa do diretor da escola, Michael Fryer, bem próxima à escola. O advogado da EIA, Daniel Lima, confirmou a retirada e disse que a medida foi tomada para evitar que outros alunos se machucassem e não para mascarar o fato. Para o irmão mais velho de Vitória, Sidney José Inácio Júnior, de 21 anos, houve negligência por parte da direção quanto à manutenção das colunas. Através de nota oficial, a EIA considerou o acidente uma fatalidade e afirmou que ;prestou socorro imediato à criança e comunicou o fato à delegacia de Camaragibe`. Também complementou que dará todo suporte necessário à família da criança e que ;em sinal de pesar, as aulas ficarão suspensas até sexta-feira`. O delegado Roberto Geraldo está com o caso.

A escola passava por reformas, mas a polícia ainda não sabe se o acidente estaria relacionado a este fato. A menina foi atingida por volta das 9h. Cerca de 20 crianças, além da professora e da auxiliar de sala, estavam num gramado ao ar livre. Próximo ao local ficam as oito colunas, que sustentam o telhado das salas de aula. Segundo testemunhas, uma das colunas, que é feita detronco de árvores, caiu em cheio em cima da garota. Os outros alunos conseguiram correr e não se machucaram. ;Por enquanto, essa é a versão que temos. Mas ela pode mudar conforme as perícias e os depoimentos. Neste primeiro momento, percebo que a manutenção das colunas poderia ser melhor, mas só os peritos podem afirmar isso`, explicou o delegado.

Peritos do Instituto de Criminalística (IC) estiveram no local ontem à tarde. Devem prestar depoimentos hoje o proprietário da escola, o americano John Fryer, além de professores e funcionários. Segundo o advogado da família da vítima, Volgran Júnior, qualquer providência judicial contra a escola só será tomada após a divulgação dos laudos do IC. ;Mas os parentes de Vitória acharam incoerente a atitude do diretor da escola, de retirar a coluna que caiu antes da chegada do IC. Nada está descartado`, justificou.

De acordo com Volgran, o local onde a coluna estava foi cimentado e três testemunhas, duas babás e uma professora, não conversaram com os policiais ontem. Adireção da escola alegou que elas estavam em estado de choque. ;A escola tem que arcar com essa responsabilidade`, afirmou a tia de Vitória, Sílvia Giselle Andrade, que estava muito abalada. Ela falou pela família, já que a mãe da menina, a dona de casa Ilca Rafaela Andrade, chegou a ser internada após saber da morte da filha. Além de Vitória, Ilca também é mãe de outra menina de dez anos que também estuda na escola. O pai de Vitória, o empresário Sidney José Inácio, estava no Maranhão, a trabalho. O sepultamento da menina está previsto para a manhã de hoje, no Cemitério Morada da Paz.