Jornal Correio Braziliense

Brasil

País perde mais de 11 mil leitos nos hospitais

Nos últimos quatro anos, os hospitais brasileiros perderam mais de 10 mil leitos. A rede privada foi a grande responsável pela redução, mas o sistema público não conseguiu compensar essa perda. Com isso, o número de leitos disponíveis por habitantes no país ficou abaixo da recomendação do Ministério da Saúde, que é de 2,5 leitos para cada grupo de mil habitantes. Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que há apenas 2,3 leitos por mil habitantes no país ; em 2002 eram 2,7. Mas o mesmo estudo aponta que o número de postos de trabalho para médicos e a quantidade de estabelecimentos públicos ; hospitais, postos e centros de saúde ; aumentou. Outro dado mostra também que mais de 90% das unidades de saúde do Distrito Federal são privadas e com fins lucrativos ; no Brasil, apenas 40% dos estabelecimentos estão na mesma categoria. Dessa forma, em Brasília há apenas 1,4 leito para 100 mil habitantes.

De acordo com o Ministério da Saúde, a redução do número de leitos segue uma tendência internacional de priorização dos atendimentos primários, de emergência e serviços de diagnósticos. Gerente da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) do IBGE, Maria Isabel Mendes, afirma que a queda é observada em diversos países e reflete técnicas da medicina moderna. ;Uma das razões para explicar a redução do número de leitos, principalmente na rede privada, é o fato de os hospitais evitarem que os pacientes fiquem muito tempo internados, como apenas para fazer exames;, diz. Dados divulgados em conjunto com o estudo do IBGE indicam que países europeus específicos apresentam números parecidos com o Brasil ; Espanha e Suécia têm 2,5 e 2,1 leitos por 1000 habitantes, respectivamente.

Médicos
Outro aspecto bastante cobrado pela população brasileira que utiliza o sistema público de saúde é quanto à quantidade de médicos disponíveis na rede. Segundo dados da pesquisa, o número total de postos de trabalho para médicos cresceu. Em Brasília, por exemplo, passou de 4,9 médicos por mil habitantes em 2005, para 5,3 em 2009.

No que diz respeito à quantidade de estabelecimentos de saúde privada com fins lucrativos, as grandes capitais concentram a maior parte. No Distrito Federal, por exemplo, apenas 8,4% das unidades de saúde são da rede pública.

Mas não são todos que podem arcar com esse benefício. Arilson Elias dos Santos, 48 anos, levou sua mulher para ser atendida no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e criticou a demora no atendimento. ;Chegamos às 7h da manhã, ela está sentindo dor há três dias e só o que fizeram foi medir a pressão;, reclamou. O casal ; nas contas dele ; ficou mais de oito horas esperando atendimento.