As estradas mineiras foram manchadas com bastante sangue no feriado prolongado de Finados. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) só divulgarão, na quarta-feira (3), a triste estatística de vidas perdidas e feridos na malha que corta o estado, mas balanços parciais de ambas corporações sinalizam que o saldo de óbitos no recesso deve superar o do ano passado, quando 15 motoristas e passageiros morreram nas BRs e outros seis nas MGs. Só na terça-feira morreram pelo menos cinco pessoas.
;O feriado tende a ser mais violento do que o de 2009 em razão da chuva alternada. É pior (do que a contínua), pois não assusta os motoristas e esparrama a sujeira pelo asfalto. O condutor não dá atenção devida a ela. Tradicionalmente, os (recessos) chuvosos são os mais violentos.;, avalia o inspetor Aristides Júnior, chefe de Comunicação da PRF. Ele deve confirmar seu pressentimento na próxima manhã, quando divulgará o balanço de tragédias nas BRs.
Uma delas ocorreu, na manhã de terça-feira (2), durante uma chuva, no km 505 da BR-251, perto de Francisco Sá, na Região Norte de Minas Gerais. Lá, três caminhões se envolveram num acidente, matando o motorista de um deles. O Corpo de Bombeiros, acionado para socorrer as vítimas, informou que uma carreta do Paraná, carregada com alumínio, bateu noutra de Sergipe, que transportava abacate. Minutos depois, ambos os veículos foram atingidos por outra carreta, também de Sergipe.
A cena impressionou quem passou pelo local, pois o corpo da vítima ficou preso às ferragens. O tráfego foi interrompido em ambos os sentidos, causando um congestionamento em torno de cinco quilômetros. Mas a chuva não é a única vilã dos desastres ocorridos neste feriado prolongado. Pelo menos outros dois fatores também ajudaram a ceifar muitas vidas.
O primeiro é a imprudência de vários motoristas, que arriscam a vida deles próprios e as de terceiros ao desrespeitarem o limite de velocidade e ao fazerem ultrapassagens em locais proibidos. O balanço da PRF deve mostrar que centenas deles foram multados entre sexta-feira e terça, durante a Operação Finados. O segundo motivo é a morosidade do poder público em duplicar corredores cujos antigos traçados são considerados obsoletos, pois aumenta o risco de batidas frontais.
A possibilidade deste tipo de choque fica ainda maior quando a rodovia ignorada pelo governo é usada por motoristas imprudentes. Na terça-feira, vários condutores irresponsáveis foram flagrados em desrespeito ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB) nos perigosos 108 quilômetros da BR-381 que separam Belo Horizonte de João Monlevade, na Região Central. O trecho, conhecido como Rodovia da Morte, coleciona várias ciladas, como curvas acentuadas e ausência de barreira física entre as pistas contrárias.
Volta para casa
Apesar de muitas vidas terem sido perdidas nas estradas federais e estaduais neste recesso, os motoristas de Belo Horizonte que viajaram neste feriado não enfrentaram retenção na volta para casa. Na temida BR-381, por exemplo, os tradicionais congestionamentos na trincheira de acesso a Santa Luzia, na Grande BH, não ocorreram ontem. Apesar disso, a imprudência rondou a rodovia, castigada pela chuva e ;abandonada; pela União.