O professor paranaense de história Marcelo Fronza, que teve sua dissertação de mestrado compilada no livro Ensinar e Aprender História: História em Quadrinhos e Canções (Base Editorial), afirma que um dos maiores desafios dos educadores em sala de aula é buscar uma metodologia de ensino que atraia o aluno para a aprendizagem, que se aproxime da sua linguagem, do seu universo e o cative para a absorção do conteúdo.
Segundo o professor, a publicação - uma das quatro escolhidas pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola, do Ministério da Educação - é inédita no país por abordar o ensino de história a partir do conhecimento dos alunos a respeito de histórias em quadrinhos. ;O livro apresenta a história em quadrinhos como fonte para que o aluno construa o conhecimento histórico com a ajuda do professor. A metodologia passa a ser interessante porque não é o professor que detém o conhecimento, mas vai auxiliar o aluno a construir o seu próprio;, analisa.
Para Fronza, esse método facilita a aprendizagem, a memorização e, por ser divertido, atrai o interesse do aluno pelo conteúdo. Mas é importante, na sua opinião, comparar a fonte histórica dos quadrinhos com outras fontes para a construção do conhecimento.
Ele cita como exemplo Asterix e Cleópatra, em que os personagens falam sobre construir pirâmides em uma época histórica que não coincide com a existência de Cleópatra. ;As pirâmides tinham sido construídas 2 mil anos antes e por isso é importante trazer outras fontes históricas para que o aluno perceba anacronismos;, explica.
O professor destaca que o aluno acaba tendo novas visões críticas sobre os próprios quadrinhos que, como narrativa, são uma das formas mais fortes de organizar o pensamento em geral. ;Daí a importância de separar o que é fonte histórica dos recursos utilizados para fazer humor;, avalia.
Marcelo Fronza afirma que os quadrinhos como fonte histórica, e não só como recurso pedagógico, estão gerando novos resultados no ensino, que se refletem em melhores notas por conta da abordagem diferenciada. ;O aluno está indo além da memorização de datas e períodos, está aprendendo a fazer relações de contexto, tornando-se crítico, e isso vai auxiliá-lo não apenas em sala de aula, mas no mundo afora;, conclui.
As bibliotecas das escolas brasileiras recebem livros como os da Base Editoral, para auxiliar na formação dos professores.