Um sobrevivente do grave acidente que deixou 11 pessoas mortas e outras 21 feridas na madrugada deste domingo em Carbonita, no Vale do Jequitinhonha, descreveu a tragédia. "Tudo aconteceu muito rápido", disse Leonardo Luiz Pereira, de 44 anos.
A vítima sofreu leves ferimentos. "Um amigo que é deficiente visual caiu em cima de mim. Eu consegui levantar e encontrar uma janela, até sair. Depois, fui até a rodovia pedir socorro", afirmou Leonardo.
O ônibus tombou de uma ponte e caiu no leito do rio Araçuaí, na MG - 451. O veículo transportava integrantes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Ipatinga, no Vale do Aço, sendo a maioria atletas portadores de necessidades especiais. Entre os mortos estão um atleta paraolímpico e um adolescente de 14 anos.
Dois médicos legistas de Ipatinga viajaram para Carbonita, a fim de agilizar os trabalhos da necropsia, para a identificação e liberação dos corpos. Eles viajaram em um helicóptero cedido pelo Governo do Estado, a pedido da prefeitura de Ipatinga, que também criou uma espécie de força-tarefa para o apoio às vítimas e a seus parentes, formada por psicólogos e assistentes sociais, para a comunicação da tragédia e amparo às famílias.
A maioria dos feridos foi levada para o Hospital São Vicente Paulo, em Carbonita e para o Hospital Municipal de Itamarandiba. Três vítimas em estado grave estavam na Santa Casa de Diamantina: Franciele Tatiane Martins, Ednei Anísio Faria e Aparecida Maria Silva Viana.
A empresa Translima, sediada em Ipatinga e responsável pelo transporte dos atletas, informou que o ônibus estava em boas condições e com vistorias e documentos regularizados. A companhia informou ainda que está garantindo o atendimento às vítimas.
Delegação saiu bem no campeonato
A delegação de Ipatinga, envolvida na tragédia no município de Carbonita, havia se saído muito bem nas competições voltadas para portadores de necessidades especiais, inserida da fase final dos Jogos do Interior Mineiro (Jimis), disputados na semana passada em Montes Claros, de onde o grupo retornava. "A participação das equipes de portadores necessidades de Ipatinga nos Jimis foi coroada de êxito. Os atletas de Ipatinga ganharam várias medalhas,
sobretudo no atletismo e na natação", afirmou Jaime Tolentino, secretário adjunto de Esportes de Montes Claros, que atuou na coordenação da final dos Jimis.
Ele lamentou tragédia. "Ficamos muitos tristes, pois a final dos Jimis transcorreu tudo bem e foi criada uma infraestrutura especial para o atendimento aos portadores de necessidades especiais. O nosso sentimento é maior porque morreram nesse acidente pessoas que estavam dando exemplo na vida,superando as deficiências", disse Tolentino. Neste domingo, a prefeitura de Montes Claros divulgou nota de pesar, em que lamenta as mortes e manifesta solidariedade às família das vítimas. Segundo a prefeitura, participaram da etapa final dos Jimis 4,8 mil atletas, de 86 cidades.
Também neste domingo, a Prefeitura de Ipatinga divulgou nota, informando que está "tomando todas as providências necessárias e que vai auxiliar as famílias com toda assistência aos evolvidos no acidente próximo à cidade de Carbonita. De acordo com assessoria da prefeitura de Ipatinga, o prefeito Robston Gomes (PPS) decretou luto oficial por três no município.
A administração municipal providenciou o envio de ambulâncias até Carbonita (a 350 quilômetros de distância), sendo providenciado também o translado dos corpos, que deveriam chegar a cidade do Vale do Aço ainda na noite deste domingo. Eles seriam recebidos no Centro Cultural 7 de outubro, cabendo as famílias decidirem pelos locais do velórios.