O presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Marinho, vai defender em Paris, em 5 de novembro, a retomada das buscas dos destroços do Airbus A330, que desapareceu no Oceano Atlântico em 31 de maio do ano passado. O avião seguia do Rio de Janeiro para Paris e caiu, matando 228 pessoas.
Três buscas foram feitas depois do acidente, mas não foram encontradas as caixas pretas da aeronave e apenas 50 corpos acabaram resgatados ; 20 eram de brasileiros.
Marinho diz que, depois do acidente, houve mais seis quedas de Airbus, o que ;mostra que esse modelo de avião tem problemas técnicos sérios;. Especialistas sempre pediram à companhia a troca dos sensores de velocidade (os pitots), mas, em vez de fazer isso, a companhia apenas emitia recomendações aos pilotos, denuncia Marinho.
Em novembro do ano passado, o piloto de um desses aviões ;teve sérios problemas no mesmo lugar onde ocorreu o acidente com o voo 447, mas conseguiu chegar a Paris com dificuldade;, diz o presidente da associação.
Para Marinho, o piloto dessa aeronave que apresentou problemas ;é uma caixa preta em movimento;, que pode testemunhar o que aconteceu, o que serviria de experiência para as investigações em torno do voo 447.
Na França, Marinho e integrantes de associações de outros países, que pleiteiam indenização para os parentes das vítimas do voo, vão se reunir com dirigentes do Departamento de Transportes da França, órgão semelhante à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Na ocasião, ele espera tomar conhecimento de providências que tenham sido tomadas pelo governo francês para reiniciar as buscas de destroços do aparelho, o que depende de recursos que devem ser liberados pelo Ministério da Fazenda daquele país.
Segundo o presidente da associação, o objetivo é lutar para que os passageiros do transporte aéreo contem com voos mais seguros. ;Para isso, é preciso despertar o senso de responsabilidade dos governos e das companhias aéreas;, afirmou.
Ele considerou estranho o fato de, nas três buscas feitas, não terem sido encontradas peças do aparelho acidentado. ;As turbinas, por exemplo, têm o tamanho de uma casa e não se desfazem, porque são de aço. E há outras peças da fuselagem que deveriam ter sido achadas, pois hoje é possível chegar ao fundo do mar com modernos submarinos;.
A rota Rio de Janeiro ; Paris é feita também com aviões da Boeing, que usam tecnologia alternativa para superar emergências. Por isso, Marinho disse que evita viajar em Airbus. Segundo ele, os pitots são equipamentos caros e três unidades funcionam com os computadores dos aviões. Por isso, a Air France não faz a substituição com facilidade, afirmou. No ano passado, houve ameaça de greve dos pilotos da companhia, o que levou a empresa a substituir duas unidades dos pitots em cada aeronave.