O homem encontrado morto no Motel Seichelles, em Olinda, na tarde do último domingo, foi identificado ontem por familiares no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. O comerciante Francisco Flávio Nunes de Melo, de 50 anos, proprietário de uma serralharia no bairro de Casa Caiada, em Olinda, estava desaparecido desde a manhã do último domingo, quando foi visto pela última vez pelos parentes. O corpo de Francisco foi achado por volta das 16h na suíte 34, que ele havia ocupado junto com um rapaz moreno, com idade entre 25 e 30 anos, apontado como o autor do assassinato. O desconhecido saiu do motel de bicicleta uma hora depois de ter entrado junto com a vítima, que dirigia uma picape Montana de cor branca. Ontem, a Polícia Civil divulgou o retrato falado do criminoso, que foi elaborado por peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril com informações repassadas por dois funcionários do Seichelles.
Polícia divulgou o retrato falado do suspeito. Irmão da vítima, Artur Luiz de Melo disse que Francisco não era homossexual Foto: Inês Campelo/DP/D.A Press
O corpo do comerciante Francisco Flávio foi encontrado no chão da suíte e, de acordo com perícia tanatoscópica do IML, ele sofreu politraumatismo craniano provocado por instrumento contundente. Segundo os peritos, a vítima teve costelas e ossos da face quebrados e também foi estrangulada. Após assistir a um telejornal e reconhecer a picape Montana do comerciante, os parentes dele foram ao IML na manhã de ontem.
O técnico de telecomunicação, Artur Luiz Nunes de Melo, disse que o irmão não era homossexual. "Ele estava separado e não tinha envolvimento com ninguém, pelo menos que a família soubesse", afirmou. Segundo ele, o comerciante também não usava drogas. "Meu irmão era uma pessoa tranquila, não tinha inimigos e só bebia socialmente", garantiu. Francisco Flávio morava com o filho mais velho de 22 anos, no bairro do Janga, em Paulista. Ele também deixou uma filha de 20 anos, que vive com a mãe.
A polícia trabalha com a hipótese de latrocínio, uma vez que a carteira, o celular e os documentos da vítima não foram encontrados no motel. O homicídio foi registrado pela equipe de plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas a investigação será conduzida pelo Núcleo de Homicídios da Delegacia de Olinda. O delegado Bruno Amorim adiantou que hoje vai intimar familiares da vítima para ouvi-los ainda esta semana. O delegado também deve interrogar novamente os dois funcionários do motel que trabalhavam na tarde do crime. "A investigação ficou prejudicada porque as câmeras de segurança do motel não registraram o momento em que o assassino saiu de bicicleta", comentou.
Segundo os funcionários do motel, o suspeito de cometer o homicídio é moreno e tem aproximadamente 1,75 de altura, além de uma tatuagem no braço esquerdo. Segundo os funcionários do Seichelles, antes de sair, o suspeito interfonou, fingindo ser a vítima, autorizando a sua saída. A recepcionista ligou de volta para a suíte e ele atendeu ao chamado e informou que o companheiro estava tomando banho.
A polícia acredita que a vítima tenha ingerido bebida alcoólica ou estivesse dormindo quando foi assassinada, já que não reagiu. Na suíte, foram encontradas duas garrafas de vodka e preservativos. Peritos do IML coletaram amostras de tecido para exames químicos, mas o resultado só deve sair dentro de 15 dias. O corpo do comerciante está sendo velado no Cemitério de Santo Amaro, onde deverá ser enterrado hoje às 11h.